Gabinetona: Divergências políticas não serão motivo para nos calarmos
Gabinetona, de Belo Horizonte, faz nota de apoio ao ex presidente Lula, que enfrenta julgamento político colocando em risco seu direito democrático à candidatura eleitoral.
Em nota publicada nesta tarde, Áurea Carolina e Cida Falabella, as vereadoras de Belo Horizonte que estão a frente da Gabinetona, publicaram nota em defesa do direito de Lula se candidatar e criticando o golpe político, jurídico e midiático que destituiu a presidenta Dilma Rousseff do poder em 2016 e ataca novamente agora com o caso Lula.
Leia na íntegra:
Por Áurea Carolina, Cida Falabella e Gabinetona – Belo Horizonte
Em um país de origem colonialista, escravocrata e patriarcal, a luta pela democracia e pelos direitos civis sempre esteve em rota de colisão com interesses escusos e autoritários. Desde o primeiro momento, nos colocamos frontalmente contra o golpe político, jurídico e midiático que, em 2016, subjugou as instituições democráticas brasileiras e tirou Dilma Rousseff do poder, a primeira mulher eleita presidenta da República, submetendo o Brasil a uma agenda de retrocessos, retiradas de direitos e entreguismo. Uma agenda, vale dizer, que jamais sairia vencedora das disputas nas urnas.
Consideramos que o julgamento do ex-presidente Lula, marcado às pressas e sem provas, é mais uma armação grosseira desse golpe. A arbitrariedade da ameaça de retirada dos direitos políticos de Lula, bem como a espetacularização da investigação e do julgamento, mostra que parcela do Poder Judiciário permanece diretamente comprometida com os mais arcaicos e predatórios interesses de perpetuação das desigualdades no Brasil. O Judiciário, nesse caso, reforça seu papel de proteger forças políticas que estão desmontando o País. Trata-se também de um desrespeito à população que tem o direito de decidir, pelo voto, quem governará o Brasil.
Não ignoramos que as escolhas e alianças feitas pelos governos do PT são parte das condicionantes da crise atual. Em 2018, apoiaremos a candidata ou o candidato do PSOL, porque acreditamos que é necessário oferecer ao Brasil alternativas que rompam com a política de conciliação de classes, com os acordos de gabinete e com o distanciamento do povo. Ficaremos felizes se Guilherme Boulos ou Sônia Guajajara forem esses nomes, pelas lutas que representam, e aceitarem colocar seus corpos e suas trajetórias nessa construção.
Nossas divergências com as políticas do PT, no entanto, não serão motivo para nos calarmos e nos acovardamos diante de um processo jurídico ilegal, que sustenta mais um ataque à nossa democracia. Eleição sem Lula é fraude.