No encontro do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou uma proposta ousada e impactante: a taxação dos super-ricos como medida para combater a fome mundial. Em seu discurso, Lula destacou a crescente desigualdade global e a necessidade urgente de ações concretas para garantir segurança alimentar para todos. “A fome não resulta apenas de fatores externos, ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, afirmou.

Lula argumentou que a extrema concentração de riqueza em mãos de poucos está diretamente ligada aos altos níveis de pobreza e fome que afligem milhões de pessoas ao redor do mundo. Ele propôs que os países do G20 adotem políticas fiscais mais progressivas, onde os super-ricos contribuam com uma parcela maior de seus rendimentos para financiar programas de combate à fome e à miséria.

“Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a US$ 2,4 trilhões. Inverter essa lógica é um imperativo moral, de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável”, acrescentou o presidente.

A proposta foi recebida com entusiasmo pelos presentes, resultando em uma ovação de pé ao final de seu discurso. No evento de pré-lançamento da força-tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, Lula explicou que a iniciativa visa obter apoio político, recursos financeiros e conhecimento técnico para implementar políticas públicas eficazes. A Aliança, gerida com base em um secretariado alojado nas sedes da FAO em Roma e em Brasília, funcionará até 2030, com metade dos custos cobertos pelo Brasil.

O Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento já declararam apoio à iniciativa.

Para Lula, a fome é “a mais degradante das privações humanas” e exige uma decisão política. Ele ressaltou a importância de programas que colocam a mulher como componente central das ações, devido à maior vulnerabilidade das mulheres e crianças à fome.

“A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança”, disse Lula, enfatizando a necessidade de uma governança global mais justa. O presidente defendeu ainda a reforma das instituições de governança global e a cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global, incluindo os bilionários.