Futebol Colorido e Alegre!
Conheça Joyce, do time feminino do Bharbixas, projeto de esportes LGTB de Belo Horizonte.
Por Danielle Nunes | Copa FemiNINJA
Joyce Lloyd tem 27 anos é engenheira, lésbica e head do futebol feminino do Bharbixas Esporte Clube, equipe Poliesportiva LGBTQ+, de Belo Horizonte e cedeu entrevista para a cobertura colaborativa da Copa FemiNINJA sobre o projeto. Confira:
Dani Nunes | Copa FemiNINJA: Como começou o projeto?
Joyce: Os meninos já tinham essa vontade de ter a modalidade do futebol feminino pra complementar o Bharbixas. O futebol feminino no mundo também tem muitos impeditivos, e o maior deles pra mim é o machismo
Aí foi engraçado, porque os meninos jogavam numa quadra dia de semana lá no Floresta, e coincidentemente, tinha uma turma de meninas que jogavam no horário antes do deles. E os meninos super bem entrosados, começaram a conversar com elas e até as convidaram pra inteirar o time da pelada deles. Aí conversa vai, conversa vem, surgiu um grupo no whatsapp a partir dessas meninas, que foram incumbidas de chamar mais meninas pra fazer parte do time de futebol feminino.
Aí eu entrei haha e comecei a organizar as coisas e não deixei o grupo morrer. Já tivemos um rodízio enoooorme de meninas no grupo, mas ele ainda tá vivíssimo!!! Damos espaço pras meninas que querem aprender a jogar bola ou que sempre tiverem receio de jogar mesmo, por vergonha ou medo de serem ridicularizadas ou sofrerem algum tipo de preconceito.
Nosso grupo ainda é só de recreativo, que são aquelas “peladas” sem compromisso mesmo sabe?! Mas iniciamos esse mês uma convocação para fazermos uma seletiva para montarmos de fato um time competitivo.
A ideia é ter o time recreativo e o time técnico, para que ninguém se sinta lesada. Em Novembro teremos a ligay aqui em BH e estamos fazendo de tudo para termos também a primeira ligay feminina e, se depender da nossa motivação, vai ser maravilhosa!!!!
Dani Nunes | Copa FemiNINJA: Você sonhou em ser atleta profissional?
Joyce: Então, eu sempre fui muito ativa, e me achava com mais habilidade nos pés do que nas mãos. Porém naquela época do colégio (tô com 27 anos) tinha uma divisão bem grande onde, na Educação Física os meninos jogavam futebol e as meninas jogavam queimada, vôlei ou só ficavam conversando mesmo. Eu me achava bem diferente por ter esse gosto pelo futebol e as meninas nem tanto mas nunca me senti oprimida pelas minhas amigas em relação a isso. Já escutei muito comentário preconceituoso sim, já fui até chamada de Maria João, só por gostar de futebol. Então eu fui meio que deixando esse hobbie de lado porque ao invés de me alegrar, estava me colocando pra baixo.
Mas respondendo sua pergunta, acho que eu não tive nem chance de sonhar em ser profissional do tanto que fui me frustrando com os comentários e brincadeirinhas.
Dani Nunes | Copa FemiNINJA: como foi conhecer esse grupo?
Joyce: Conhecer o “Bharbixas”? Nossa, foi maravilhoso! Eu já conhecia o Rodrigo de muitos anos e no período da festa de um ano, eu conheci o time mesmo e passei a seguir mais ativamente a trajetória deles. O “Bharbixas” pra mim é um aprendizado enoooorme! Desconstrui preconceitos mínimos que eu tinha e me conheci melhor também.
Dani Nunes |Copa FemiNINJA: O machismo minou muitos sonhos, LGBTs que poderiam estar brilhando em clubes e nas seleções não tiveram essa oportunidade, você tem noção de que são inspiração para muitas meninas e meninos?
Joyce: Por exemplo, eu sou atleticana e sempre ia ao estádio e cantava “Maria eu sei que você treme”. Hoje em dia eu não canto mais essa música, eu consegui enxergar como ela é machista e preconceituosa só depois que entrei no Bharbixas. E assim, eu tento passar todos meus aprendizados para as pessoas em minha volta também.
Nós conseguimos imaginar que somos inspiração pra muitas pessoas mas acho que não conseguimos mensurar isso, porque é muito grande e motivador pra gente! Tem muita gente que tem muito receio ainda, mas veem na gente uma força para lutar contra o preconceito e seguir em frente.
Dani Nunes |Copa FemiNINJA: Se a Marta e Formiga tivessem sido valorizadas na sua época de colégio acredita que poderia ter sido uma atleta profissional?
Joyce: Nossa, que pergunta difícil hahaha não sei mesmo. Não sei se teria vocação para ser uma jogadora profissional. Me contento tanto em só jogar por lazer hoje em dia haha é o melhor momento da minha semana, onde consigo extravasar todo estresse acumulado no meu corpo e na alma também.