É natural que fotos, capas de revistas, anúncios e até vídeos sofram alterações em seu processo de criação, porém, o que vêm chamando a atenção são as inúmeras intervenções nos corpos estampados na mídia, sobretudo no das mulheres.

Tiram alguma marca de pele, as celulites e estrias, ajustam a cintura, seios e glúteos, ou seja, é um estica daqui e puxa dali que ao final da obra o que vemos é uma imagem praticamente irreconhecível, quando comparado com o original.

Tendo trabalhado na indústria da publicidade e acompanhado o processo de criação de um padrão irreal, a fotógrafa Maria Ribeiro criou o Don’t Photoshopme. A campanha é uma hastag, em parceria com ativistas e coletivos de várias partes do mundo, entre eles BUFU, Yellow, Jackets, Fearless, Colectivo Amaranta, Sister Circle Collective, Dana Do The Hot Pants e Collective Sex. O projeto busca mostrar retratos sem nenhum tipo de edição, além de criar uma reflexão sobre a indústria da imagem, que manipula fotos, vendendo padrões e corpos inexistentes.

“A luta pela real representatividade na mídia é árdua e longa, já que lidamos com um padrão estético misógino, racista, ageísta, gordofóbico e extremamente excludente. Acredito, no entanto, que o primeiro e importante passo nesse processo é pararmos de manipular os corpos das mulheres. Alterar as formas e características de corpos naturais é uma afirmação de que eles não são suficientes. É jogar na cara de milhões de mulheres no mundo inteiro que todas as características que fazem seus corpos serem como são estão errados, são imperfeitas e devem ser alteradas”, explica a fotógrafa Maria Ribeiro.

Em fevereiro a fotógrafa lança a campanha #dontphotoshopme, que convida mulheres, a postarem suas fotos sem nenhum tipo de edição.

“Pensamos em iniciar a campanha no mês do carnaval, onde a discussão a respeito dos corpos femininos fica mais em evidência, assim como a quantidade de manipulação nas fotografias”, ressalta Maria.

Hoje a artista tem sua profissão como um instrumento de empoderamento feminino, através de ensaios naturais, artísticos e isentos de manipulação de imagens, afinal, ela acredita que a representatividade é essencial na construção de uma relação saudável da mulher com o próprio corpo.

“Uma mulher se amar, dentro de uma sociedade que faz de tudo para que ela se odeie, é um ato revolucionário”, Maria Ribeiro.

Mais sobre Maria Ribeiro

Maria Ribeiro é uma artista que, através da fotografia, do cinema, da linguagem e da performance vem trabalhando uma mudança de paradigma quando pensamos a representação da mulher na mídia.

Seu projeto Nós, Madalenas – Uma palavra pelo feminismo o qual resultou no livro de mesmo título publicado em 2016 com lançamento e palestras em diversos estados do Brasil, rendeu o prêmio Ivone Herberts na ONU Mulheres – NYC. A fotógrafa foi a única brasileira a receber essa premiação, alcançada pela excelência e relevância do seu trabalho para o empoderamento feminino e os direitos das mulheres.

Fotografias de Maria Ribeiro para o projeto Nós, Madalenas – A word for feminism

Seu projeto Mulheres da Terra foi selecionado para uma exposição em Nova Iorque em 2017, além de convites para palestras e workshops. Com trabalhos publicados no Brasil, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Portugal e Espanha, a artista tem se tornado referência em trazer uma nova estética ao fotografar, retratar e representar os corpos das mulheres.

Fotografias de Maria Ribeiro para o projeto Mulheres da Terra

Para saber mais, acesse o site http://www.mariaribeiro.me/.