Alex Santos, para a Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

O Fóssil do Dia é um ‘prêmio’ irônico dado por ativistas ambientais aos países ou instituições que mais se esforçam para bloquear o progresso nas negociações das conferências climáticas da ONU. Os troféus foram concedidos nos dias de negociação mais relevante durante a 26ª Conferência Mundial sobre o Clima, a COP26.

Em 2021 o grande destaque negativo foi a Austrália, que recebeu 6 premiações nos 10 dias de conferência, principalmente pela postura de seus líderes em defesa dos combustíveis fósseis. A Austrália não revisou suas metas de redução de emissões (NDCs), anunciou novos projetos de carvão, trouxe empresas petroleiras para compor a delegação e resistiu a acordos de responsabilização financeira pelas suas emissões e a construção de um fundo de financiamento para suprir perdas e danos em decorrência das mudanças climáticas nos países mais pobres.

O pódio do prêmio teve ainda Inglaterra e Estados Unidos. Os britânicos foram citados principalmente pela má organização do evento, que não foi inclusivo principalmente com a ativistas e jovens, que tiveram muitas dificuldades de acesso.

Já os EUA mantiveram postura de defesa ao combustível fóssil e não assinaram o acordo que coloca data limite para uso energético do carvão. Eles também apresentaram controverso plano tecnológico para a agricultura, que prevê retirar agricultores do campo.

Brasil

O Brasil também recebeu a desonraria por duas vezes. Pela crítica de Bolsonaro à ativista indígena Txai Suruí, e por aumentar o investimento em combustível fóssil no último ano. O primeiro prêmio ocorreu após o discurso de Txaí alertando os líderes mundiais sobre os impactos da crise climática de seu povo, e a ativista chegou a ser intimidada por membros do governo Bolsonaro.

O ataque aos povos originários ainda foi frisado por fala racista do ministro Joaquim Leite: “Temos que reconhecer que onde há muita floresta, há muita pobreza”. A segunda ‘premiação’ do Brasil ocorreu após os ativistas acessaram relatório do INESC que evidencia a elevação dos subsídios do governo brasileiros para os combustíveis fósseis.

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