“Foram quatro anos infernais”, dizem Taís Araújo e Lázaro Ramos sobre governo Bolsonaro
Eles reforçam a necessidade de mudança por meio das urnas em 2022
“A mudança está nas nossas mãos. Não foram quatro anos difíceis. Foram infernais, foram um pesadelo. Desespero, aumento da miséria. A gente andou para trás a galope. Não dá para continuar”, disse Taís Araújo sobre o governo Bolsonaro, ao reforçar que a possibilidade de mudança está nas urnas em 2022.
Na ocasião, Taís Araújo e Lázaro Ramos apresentavam o filme “Medida Provisória” em pré-estreia no Brasil. O primeiro longa de Lázaro Ramos traz a história de um Brasil distópico, em que negros são expulsos e enviados à África. Questionada se o filme faz alusão ao governo Bolsonaro, diretor e elenco respondem que o filme é fundamentado em uma peça de 2011 e o roteiro ficou pronto em 2015.
Taís, no entanto, afirma que mesmo tendo sido escrito muito antes do Bolsonaro, o longa não deixa de ser uma crítica ao desastre político e social que o Brasil vive. “Não por acaso, o país que a gente não quer se assemelha ao país em que a gente está vivendo. Mas o filme não é sobre o governo Bolsonaro, porque a gente não trabalha para ele”, afirmou.
Lázaro fez coro às falas da atriz, reforçando as eleições como pontapé para mudar a história do país. “Espero que a gente tenha consciência e faça uma escolha diferente. Na última eleição, tinham 11 ou 13 candidatos e o Brasil escolheu isso. O Brasil experimentou um gosto muito amargo, um gosto perverso”.
Ele diz ainda que ter esperanças não é suficiente. “Precisamos agir. Falam que o Brasil é o país do futuro. Chega. O Brasil tem que ser o país do agora”.
Censura
“Medida Provisória” enfrentou forte resistência para chegar aos circuitos nacionais. Em dezembro de 2021, ao receber o prêmio especial do júri no troféu Redentor no Festival do Rio, Lázaro chegou a protestar: “censura nunca mais”. Aquela foi a primeira exibição do filme no Brasil, que estava, até então, sem previsão de estreia em larga escala.
A Trigo Agência de Ideias, assessoria de imprensa do filme, informou que foram inúmeros os recursos submetidos por suas produtoras e coprodutoras à Agência Nacional do Cinema (Ancine) para que o filme seja liberado em circuito comercial. “Explicamos ainda que questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020 – um ano antes de sua previsão inicial de estreia, que seria realizada no último mês de novembro”, disse em nota publicada na UOL.
Ameaças de morte
Em recente entrevista à revista Veja, Taís Araújo disse que no final de 2018, no calor do período eleitoral, a atriz e Lázaro foram ameaçados de morte, porém o casal optou por não buscar a polícia, nem descobriu a autoria da carta que teria sido enviada também a veículos da imprensa. Desde então ela passou a se preocupar com a segurança dos filhos — João Vicente, 10 anos, e Maria Antonia, de 7 — e deu um tempo dos holofotes.
Em relação ao engajamento dos artistas nas eleições 2022, para ela “não faz sentido ser uma artista e não ser engajada. Eu adoraria que os meus colegas se motivassem, como eu, a achar lindo o movimento do Fernando Henrique Cardoso apertando a mão de um Lula”, disse. “Mas entendo: que tem gente que não se engaja porque tem medo”, ponderou.