Financiadores do 8 de janeiro estão envolvidos com garimpo ilegal na Amazônia
O relatório foi enviado para a CPMI do Golpe, comissão que investiga a invasão à sedes dos três poderes
Relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelaram o envolvimento de empresários ligados ao garimpos ilegais que operam na Amazônia com os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. O relatório foi enviado para a CPMI do Golpe, comissão que investiga a invasão à sedes dos três poderes.
De acordo com o documento, os empresários Enric Juvenal da Costa Lauriano e Roberto Carlos Katsuda são figuras-chave nesse complexo cenário de irregularidades. Ambos são apontados como ativistas que defendem a regularização do garimpo e têm sido investigados por estarem diretamente associados à prática de garimpo ilegal na região.
A Abin cruzou informações sobre maquinário apreendido em operações contra crimes ambientais no estado do Pará e traçou uma rede de empresas e proprietários envolvidos nos protestos que contestaram a eleição onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso.
Enric Juvenal da Costa Lauriano, conhecido como apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria participado ativamente dos atos antidemocráticos de janeiro, incluindo a invasão do Congresso Nacional. Além disso, ele foi identificado como membro de acampamentos de movimentos extremistas no Quartel General do Exército, em Brasília, conforme as informações obtidas pela Abin.
A prova crucial que liga Lauriano ao garimpo ilegal foi a apreensão de uma escavadeira em 2022, dentro da Terra Indígena Kayapó, no Pará, que, segundo as autoridades, pertenceria ao empresário. Além disso, Lauriano é apontado como um articulador ativo do lobby pró-garimpo, contribuindo para a disseminação de canais de arrecadação de fundos para o movimento golpista. Ele teria compartilhado informações sobre esses canais de financiamento, usando o Pix de uma empresa de informática baseada em Marabá (PA).
Outro nome mencionado no relatório é o de Roberto Carlos Katsuda, que também está associado ao garimpo ilegal e foi identificado como o financiador da estrutura do lobby garimpeiro do vereador Wescley Tomaz. Katsuda e Tomaz são membros de uma comissão pró-garimpo, juntamente com Fernando Brandão, dono de um escritório de advocacia, e Guilherme Aggens, engenheiro florestal da Geoconsult Pará. O empresário é descrito como um “notório defensor de garimpos em áreas protegidas e visto como um dos maiores articuladores políticos” nessa questão.
O relatório também trouxe à tona informações sobre um influenciador extremista radical de 24 anos, cuja identidade não foi divulgada. Esse indivíduo propaga ideais de resistência civil contra o governo Lula e incita ações violentas, chegando a sugerir a formação de grupos paramilitares em todo o país, inspirado em eventos ocorridos na Ucrânia em 2014.