Final Feliz Pra Quem? Exposição virtual reúne trabalhos de artistas negros LGBTQIA+
Idealizado no Amazonas, exposição pode ser vista na página da Café Preto Produções.
Por Rô Vicente
“Final Feliz Para Quem?” é uma exposição fotográfica online produzida pela Café Preto Produções Artísticas. O projeto contemplou pela lei Aldir Blanc do Amazonas 8 artistas pretes e LGBTs de 5 estados brasileiros.
A exposição provoca esses artistas a reafirmar esse espaço de corpos pretes e LGBTs que, perante a sociedade, são colocados como marginalizados. A exposição começa com Inã Figueiredo, idealizador da Café Preto Produções Artísticas, que traz fotos em preto e branco que nos fazem refletir sobre o corpo preto gay e o afeto a esse corpo.
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Em seguida temos uma releitura da obra The Lovers (Os Amantes) feita por Marcelo Sá. Na obra original temos um casal hétero se beijando. Marcelo desconstrói essa ideia e traz sua releitura chamada “Os Meus Amantes” com o foco em um casal gay se beijando.
“Sobrevidas Pretas”, realizado por Victor Mota, é um projeto fotográfico de 2018 que parte do apagamento de memórias afro-diaspóricas a partir de sobrenomes brasileiros ligados à religião católica. O ensaio traz uma ligação com a natureza, principalmente a água, fazendo um paralelo aos corpos dos modelos.
Ariska Derí traz o “Renascendo em Vênus”, um ensaio fotográfico de amor próprio ao corpo não padrão. Reafirmando sua identidade e aceitação, Ariska se inspira na obra “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli para produzir um ensaio fotográfico cheio de empoderamento.
Em “Adodi”, Emerson Caldas traz um casal negro gay em uma demonstração de afeto. A foto vem com colagens fazendo com que o casal seja ainda mais afetivo e amoroso.
August e João protagonizam as imagens do ensaio “O Verão das Bichas Estranhas”. Duas corpas negres e fora dos padrões sociais que trazem o calor da cidade com o calor de suas corpas. A produção do ensaio foi realizada e produzida pelo Coletivo SAMO, do trio de direção de arte Elisa Lino, Leonardo Ferreira e Raissa Fernanda.
Pra finalizar, a exposição é fechada por Niggab, que traz o ensaio “Sentimentos em Vivências de Bichas Pretas”. As fotos são distintas uma da outra, trazem pontos de reflexão ou de identificação necessários para todas as vidas de pessoas LGBTs e pretes. O ensaio foca em uma palavra que resume as vivências dessas pessoas: instabilidade.
“Essas produções foram feitas em momentos distintos mas pra mim descrevem resumidamente como a vida de pessoas negras LGBTQIA funciona: na instabilidade”, escreveu Niggab, na postagem referente à sua exposição. “Nossa felicidade não é plena, estamos sempre alertas e sempre em perigo, não podemos abaixar a guarda em nenhum momento”.
“Final Feliz Para Quem?” não é só uma exposição fotográfica, é uma provocação às nossas vivências, aos nossos corpos. Traz reflexões, pensamentos e principalmente representatividade para corpos marginalizados e esquecidos pela sociedade. Não houve final feliz mas ainda podemos mudar este final.