Festival Amazônia Mapping traz a Belém atrações internacionais e feats inéditos
Evento, que é referência mundial em projeção mapeada, conecta a pluralidade de obras e narrativas dos nove países da Pan-Amazônia, e promove o encontro de arte indígena, música da periferia e espetáculos premiados
O Amazônia Mapping 2024 chega com atrações internacionais e espetáculos com feats inéditos para ocupar o centro histórico de Belém com arte e tecnologia. Para celebrar 11 anos de trajetória, pela primeira vez a programação traz obras de artistas de toda a Pan Amazônia nesta que é a maior e mais diversa edição do Festival. O evento, que é referência mundial em projeção mapeada, conecta a pluralidade das diversas Amazônias que se espraiam por nove países da América Latina. Gratuita, a programação ocorre nos dias 1 e 2 de novembro, a partir de 19h, no Museu do Estado do Pará, na Cidade Velha.
Em uma proposta única na região, o line-up promove espetáculos de música e imagem. A programação traz pela primeira vez ao Pará o Ciclope Studio, projeto de artes visuais da Bolívia; as experimentações imagéticas e sonoras de Luiza Lian, em apresentação do melhor show de 2023, premiado nacionalmente; o feat entre Tambores do Pacoval e Mestra Bigica, conectando o carimbó do Soure e Marapanim, com projeções das obras de Ronaldo Guedes, ceramista central do Marajó; o encontro entre a artista e ativista indígena Djuena Tikuna e Aíla, cantora e compositora de Belém, com visuais criados por Roberta Carvalho, em uma conexão Amazonas-Pará.
Ao longo de seus 11 anos de existência, o Festival Amazônia Mapping tem fomentado encontros inéditos entre arte e público, recebendo cerca de 200 artistas e atraindo um público de mais de 50 mil pessoas. Nas edições de 2013, 2016 e 2017, movimentou Belém e Santarém com arte e tecnologia no espaço urbano. Em 2020, realizou uma edição 100% online e ganhou a categoria “Inovação: Música e Tecnologia”, um importante prêmio da Semana Internacional de Música de São Paulo (SIM SP), a maior feira do mercado de música da América Latina.
Em 2024, o Amazônia Mapping volta às ruas e se expande como nunca ao trazer para as projeções mapeadas obras de toda a Pan-Amazônia, combinando artes visuais, tecnologia, música e realidades mistas, fazendo da Amazônia protagonista da cena de artes digitais e novas mídias no mundo.
Ao colocar a tecnologia e a arte digital em diálogo com as realidades locais, o Festival amplia as formas de representar a Amazônia. “Ao longo de mais de uma década, o Festival Amazônia Mapping tem desempenhado um papel fundamental na construção de uma nova compreensão sobre a Amazônia contemporânea, indo muito além dos clichês que frequentemente a reduzem a estereótipos exóticos. O festival permite que os próprios artistas amazônidas sejam os narradores de suas histórias, utilizando linguagens contemporâneas, como o videomapping e as novas mídias, para expressar as complexidades e potências da região, mostrando que ela é um território dinâmico, com inovação, cultura pulsante e grande diversidade de perspectivas”, destaca Roberta Carvalho, artista visual paraense idealizadora do Amazônia Mapping.
Outra novidade é que este ano o Festival traz performances artísticas em locais diferentes do usual, e, para além do palco, ocupa novos espaços da fachada do Museu do Estado e faz intervenções artísticas no jardim interno e na Capela do MEP. “A ideia é ecoar arte por todos os cantos, e de maneira gratuita, reocupar o centro histórico de Belém sempre fez parte do movimento de origem do Amazônia Mapping, desde 2013, quando começamos o festival de forma precursora no Brasil”, destaca Aíla, criadora e diretora artística do Festival ao lado de Roberta Carvalho, dupla de destaque na arte contemporânea da Amazônia, e que desenvolve uma série de projetos coletivos, em busca de dar protagonismo às vozes do Norte do Brasil.
O Amazônia Mapping tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale via Lei de Incentivo à Cultura, apoio do Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus, Secretaria de Cultura do Pará, Fundação Cultural de Belém e Prefeitura de Belém. Idealização e produção da 11:11 ARTE, com realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Visuais
Entre as maiores novidades da edição está a curadoria que se expandiu por toda a Pan Amazônia, por meio do primeiro edital internacional do Festival. Com 15 artistas selecionados, o Amazônia Mapping convida o público a uma experiência imersiva que conecta o território ancestral com arte e tecnologia.
Além disso, há artistas convidados para a mostra a céu aberto no centro histórico de Belém. Pela primeira vez no Pará, o Ciclope Studio, da Bolívia, vem criando experiências únicas que unem arte, design e tecnologia como meio de luta e resistência ambientalista. Mergulhado na história e na grandeza da Amazônia boliviana, Alejandro Monrroy está à frente do estúdio, e se inspira na riqueza da arqueologia revelada nas “cidades” perdidas na floresta, na imponência dos picos andinos, suas sonoridades e povos.
O line-up traz ainda as obras de And Santos (São Caetano de Odivelas – PA), Mhorgana (Castanhal-PA), Aryel Ramos e Amanda Poça (PA), Coletivo Tinta Preta (PA), Astigma VJ (PA), Elisclésio Makuxi (RR), VJ Grazi (DF), e Leandro Vigas (SC).
Som e imagem
O Amazônia Mapping deste ano traz um feat especialíssimo. A cantora, compositora e artista visual Luiza Lian se apresenta pela primeira vez em Belém com o melhor show de 2023, premiado pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). “7 Estrelas | quem arrancou o céu?”, o trabalho mais recente da artista traz temas políticos, místicos, e visuais exuberantes criados pela artista Bianca Turner, cuja pesquisa se concentra na relação entre tempo-espaço e corpo, por meio de recursos audiovisuais expandidos.
Num diálogo aberto entre as Amazônias, a edição traz o espetáculo inédito que reúne o Tambores do Pacoval, grupo fundamental do carimbó de Soure, e Mestra Bigica em um encontro de duas raízes ribeirinhas fundamentais para a música do Pará: Marajó e Marapanim. Aliando imagem e som, a apresentação traz projeções de obras de Ronaldo Guedes, um dos mais importantes ceramistas contemporâneos da Amazônia e um dos maiores do Brasil.
O encontro entre a artista e ativista indígena Djuena Tikuna e Aíla, cantora e compositora de Belém. Djuena é do Amazonas, e canta na língua Tikuna. Na apresentação inédita em Belém, Aíla canta em português uma composição traduzida de Djuena: “A nossa aldeia é o mundo, somos todos da mesma aldeia”. Um poema que convoca a uma percepção de mundo mais generosa, fraterna e em conexão com o meio ambiente. Os visuais do espetáculo são de Roberta Carvalho, artista paraense de renome internacional.
E como na Amazônia paraense reina o rock doido, a noite traz o feat de DJ Méury, com as batidas eletrônicas da periferia do Norte, e os visuais de PV Dias, que cria suas projeções a partir das trocas audiovisuais amazônicas, caribenhas e afro-diaspóricas.
Também esquentam a pista os sets cheios de latinidade de DJ Pedrita (Alter do Chão-PA), Will Love (PA), Maderito (PA) e Nat Esquema (PA).