Por Maria Nayan Aviz

As procissões do Círio de Nossa Senhora de Nazaré são por completo um ciclo de amor, devoção, fé e entrega. Para além dos fiéis que seguem as romarias na corda, andando ou de joelhos, levando a imagem da santa, há também aqueles que traduzem suas promessas na ajuda e acolhimento ao próximo, distribuindo água a quem passa pela avenida.

O romeiro Victor Andrade, de 26 anos, organiza um ponto de distribuição de água junto aos amigos desde 2019. Para eles, a ação é um gesto de gratidão e pedido à Nossa Senhora para que ela continue abençoando suas vidas. “Muitos de nós fazem a trasladação na corda e depois já vem aqui para o posto, eu sou um. É gratificante demais, a gente só pensa em dar todas as águas que a gente puder”, conta.

Belém é uma cidade de clima tropical úmido, conhecida por suas altas temperaturas, que ficam ainda mais elevadas com a alta concentração de pessoas que passam durante o Círio. Somente para a procissão do domingo, a principal e maior romaria do período, são esperadas mais de 2,5 milhões de pessoas.

O forte calor e a grande multidão tornam impossível levar bolsas ou garrafas, por isso, os romeiros contam com a ajuda de pessoas ao longo do percurso, que fazem a distribuição de copos de água de plástico e também jogam água para hidratar os romeiros.

O jovem Danilo organiza, com um grupo de amigos, a distribuição desde o ano passado. Com mais de 3 mil copos de água, eles se organizam próximo ao final da procissão, justamente pensando em ajudar a amenizar o calor. “Fazemos por vontade de ajudar ao próximo e pela fé, principalmente quando a Santa passa pela avenida Nazaré, pois é um horário que já está bem quente, e as pessoas precisam desse alívio”, relata.

O Pastor Campelo, líder de uma igreja evangélica que fica localizada na Av. Nazaré, organiza há 13 anos uma ação de distribuição de café da manhã e água aos romeiros. Para ele, apesar das diferenças de crenças entre católicos e evangélicos, a fé e o amor a Cristo geram a união. “Começamos com 100 voluntários atendendo a cerca de mil pessoas, hoje já somos mais de 300 voluntários e acolhendo mais de 5 mil pessoas. Aqui estamos colocando em prática o mandamento que Jesus nos deixou, que é amar ao próximo”, conta o pastor.

Foto: Camila Freire

Como a maior parte dos romeiros fazem todo o percurso do Círio descalços ou de sandália, garrafas ou latas de vidro e metal são proibidos para evitar acidentes e machucados. Outra missão também difícil é jogar cada copinho utilizado em espaços adequados, como lixeiras, o que acaba fazendo com que os romeiros e voluntários de distribuição joguem os copos plásticos no chão.

Para isso, uma grande operação de limpeza é montada para que, assim que a Berlinda passar junto com a multidão, todo o lixo seja imediatamente coletado por agentes de limpeza e o material seja adequadamente descartado.