Famílias despejadas em Capela de Santana vão para o trevo de Charqueadas, no RS
Após a justiça conceder reintegração de posse em área ocupada pelo MST em Capela de Santana, na região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, as famílias começaram a desocupar o local na manhã desta terça-feira (3). A área, de cerca de 150 hectares, pertence ao Estado e estava abandonada há mais de […]
Após a justiça conceder reintegração de posse em área ocupada pelo MST em Capela de Santana, na região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, as famílias começaram a desocupar o local na manhã desta terça-feira (3). A área, de cerca de 150 hectares, pertence ao Estado e estava abandonada há mais de dois anos.
As famílias receberam notificação de um oficial de justiça do Foro de Portão somente na manhã de hoje, com ordem de reintegração de posse imediata. Porém, desde a última sexta-feira (30), elas estavam sendo intimidadas pelo Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar, que fazia cerco permanente do acampamento e proibia as pessoas que saíssem para trabalhar de retornar à ocupação.
Segundo os Sem Terra, o aparato utilizado pela Brigada Militar para o despejo, com grande número de policiais, cavalaria, armas e helicóptero, foi totalmente desnecessário, uma vez que haviam idosos e crianças no local e não houve iniciativa de confronto por parte dos acampados. Em publicação na página do Comando de Policiamento da Capital (PCP) na internet, a Brigada Militar encarou o despejo como uma ação de êxito.
As famílias estavam no local há aproximadamente seis meses e já produziam hortaliças, raízes e grãos, e criavam aves e suínos para subsistência. Dona Sirlei Tavares, de 56 anos de idade, conta que, após trabalhar como gari por 18 anos em São Leopoldo, há quatro meses foi acampar por causa do desemprego e da situação de miséria em que vivia na cidade. Este foi o seu primeiro acampamento.
“Esta área está abandonada há anos, por que o Estado não libera para os pobres poderem plantar? Pelo menos a gente tem o que comer e pode até vender para eles que estão na cidade. A polícia, em vez de prender os bandidos, está aqui despejando quem luta por uma vida digna e quer trabalhar no campo. Mas sou guerreira, não vou desistir de ter um pedaço de terra”, desabafa.
Os Sem Terra já começaram a transportar seus pertences para o trevo de Charqueadas, na região Metropolitana de Porto Alegre, onde o MST possui um acampamento.
Informações do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra