Exército ainda não cumpriu promessa de enviar 3 mil militares para Terra Yanomami
O Exército também planeja expandir sua frota de helicópteros para uso na Amazônia, mas até o momento nem mesmo processos de licitação foram abertos
Após sofrer duras críticas quanto ao desempenho nas ações em Roraima, o Exército brasileiro anunciou estar estudando o envio de cerca de 3 mil soldados para a Terra Indígena Yanomami, localizada no estado de Roraima. Essa iniciativa representa um aumento de quase 10% no contingente militar da região. No entanto, até o momento, as organizações indígenas afirmam não terem observado movimentações por parte do Exército para o envio das tropas, tampouco melhorias nos locais que receberiam os soldados.
O anúncio do envio de militares foi feito no início deste mês. A medida seria uma resposta à intensificação da crise humanitária enfrentada pelos Yanomamis, ocasionada pelo domínio de garimpeiros e grupos de crime organizado em uma região de difícil acesso. O envio dos militares representaria um aumento de 10% no efetivo que já está na região, e que não tem sido suficiente para conter o avanço do crime organizado e do garimpo ilegal.
O plano proposto pelo Exército inclui não apenas o aumento do efetivo militar, mas também a instalação de dois destacamentos na Amazônia, nos leitos dos rios Uraricoera e Mucajaí. Esses destacamentos, semelhantes a pelotões menores, terão como missão específica combater o garimpo ilegal na região.
De acordo com a força, o Exército também planeja expandir sua frota de helicópteros para uso na Amazônia, mas até o momento nem mesmo processos de licitação foram abertos.
O plano elaborado pelo Exército foi apresentado ao Ministério da Defesa, que recebeu contribuições da Aeronáutica e da Marinha. O documento foi encaminhado à Casa Civil.
No ano passado, foram notificadas 308 mortes no território, e em 2022, 343, segundo dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi).
O Ministério da Saúde esclarece que a queda de óbitos é um dos resultados da operação do Governo Federal que, desde janeiro, atua para salvar vidas e combater a crise humanitária enfrentada por essa população nos últimos anos. A desassistência e desmonte das políticas de saúde indígena ainda causam consequências profundas que estão sendo combatidas com ações emergenciais e estruturantes de forma interministerial.
Diversas outras ações de caráter estruturante e emergencial foram realizadas em 2023 com objetivo de garantir dignidade aos povos indígenas, como:
- Ampliação do número de profissionais em atuação no DSEI-Y (+40%, passando de 690 profissionais para 960 entre 2022 e 2023);
- Realização de testes em massa para detecção de malária (140.042 exames);
- Implementação do plano de ação para a desnutrição infantil;
- Reabertura de 7 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e Polos Base fechados, fruto do descaso do governo anterior e da ação criminosa dos garimpeiros que queimaram as unidades.
Também foram enviados 117 profissionais para os distritos sanitários pelo programa Mais Médicos. Somente no território Yanomami, o número de médicos do programa em atuação aumentou de 9 para 28 em 2023.