Ex-ministros e cientistas pedem que Lula conceda asilo político a Assange
Carta argumenta que o apoio de Lula a Assange contribuiria para reforçar a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no cenário internacional
Carta argumenta que o apoio de Lula a Assange contribuirá para reforçar a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no cenário internacional
Cientistas, jornalistas, professores, ex-ministros e sindicalistas encaminharam uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), solicitando que o Brasil conceda asilo político a Julian Assange, fundador do WikiLeaks e atualmente preso. A carta conta com a assinatura de 2.897 pessoas, incluindo figuras proeminentes como o fotógrafo Sebastião Salgado, o jornalista Juca Kfouri, os ex-ministros José Gomes Temporão, Sérgio Machado Rezende e Ana de Hollanda, a deputada federal Jandira Feghali, entre outros.
O documento destaca que Assange foi responsável por um dos maiores vazamentos de documentos secretos das Forças Armadas dos Estados Unidos da América (EUA) e que ele está enfrentando extradição para os EUA, onde pode ser condenado a até 175 anos de prisão. O grupo propõe que Lula empreenda esforços internacionais para obter a aceitação do asilo político por parte do governo inglês, já que Assange está atualmente detido em uma prisão de segurança máxima em Belmarsh, na Inglaterra.
“Diante dos fatos recentes envolvendo a extradição para os EUA —onde Assange poderá ser condenado a até 175 anos de prisão por revelar fatos verdadeiros a respeito daquele país— um conjunto de profissionais, lideranças da sociedade civil e entidades iniciaram um movimento via redes sociais visando construir uma saída humanitária para o caso, hoje acompanhado de perto por toda a comunidade internacional”, diz trecho da carta.
A carta argumenta que o apoio de Lula a Assange contribuirá para reforçar a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no cenário internacional. Lula já criticou a prisão de Assange em ocasiões anteriores, descrevendo-a como uma vergonha e questionando por que denunciar que um Estado estava espionando outros se tornou um crime jornalístico.
“É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra outro esteja preso, condenado a morrer em uma cadeia”, afirmou o presidente, em maio, quando estava em Londres para acompanhar a cerimônia de coroação do rei Charles 3º.
O WikiLeaks divulgou informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança dos EUA em 2015, revelando que o governo americano espionava a então presidente Dilma Rousseff (PT) e membros de seu governo. A carta destaca o exemplo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que solicitou asilo político para Assange ao governo americano em 2022, sugerindo que Lula siga o mesmo caminho.
A extradição de Assange foi aprovada pela então ministra do Interior do Reino Unido, em junho do ano passado. Ele enfrenta 18 acusações criminais nos EUA, incluindo espionagem relacionada ao vazamento de registros militares e telegramas diplomáticos confidenciais, que supostamente colocaram vidas em perigo, de acordo com o governo americano.
Também são signatários da carta Hildegard Angel, do Instituto Zuzu Angel, e os os professores Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), e Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).