Por Patrick Simão

Joseph Blatter, ex-presidente da FIFA banido por corrupção, afirmou, faltando duas semanas para a Copa, que a escolha do Catar para sediar o torneio foi um erro. Sua justificativa foi sobre o tamanho geográfico do país, mas essa é a menor das questões.

O Catar já sofreu denúncias pelo trabalho escravo nas construções necessárias para a Copa. Lá, as mulheres tem poucos direitos e precisam de autorização do marido ou empregador para fazer basicamente qualquer coisa. Além disso, a homossexualidade é crime, e, o embaixador do país na Copa do Mundo afirmou que a homossexualidade é um “dano psicológico”.

Com maior pressão política sobre o Catar, devido aos olhares mundiais para o país, houve uma flexibilização recente para a Copa do Mundo. Serão permitidas bandeiras do Movimento LGBTQIA+ durante o torneio, no entanto é preciso ressaltar que essa flexibilização é temporária, apenas para o Mundial.

A escolha do Catar foi, obviamente, motivada por dinheiro, e a FIFA se posiciona apenas quando a convém. A Rússia foi banida da Copa do Mundo este ano, devido à pressão política sobre o país pela Guerra com a Ucrânia, mas há 4 anos atrás estava sediando o torneio. Historicamente, a postura da FIFA sempre foi de omissão, ao aceitar sediar a Copa no Governo de Mussolini em 1934, e na ditadura argentina de 1978.

Sabemos que o dinheiro é um dos principais critérios para as escolhas da FIFA, mas quando este é o único fator, a própria FIFA se desvaloriza, com um desgaste ainda maior na opinião pública. A FIFA nunca se preocupou com fatores sociais ou em ser usada como propaganda governamental. Inclusive, não é uma mensagem rasa e sem punições com a frase “diga não ao racismo”, que vai mudar isso.

Temos que criticar a escolha do Catar em todos estes aspectos, mas sem que estas críticas se confundam com islamofobia. A FIFA nunca se opôs a sediar seu principal torneio em países que viviam Ditaduras, Guerras ou que violassem direitos humanos, independente da região em que estas Copas foram sediadas. Com o Catar, no entanto, estamos testemunhando diversos protestos de países ocidentais, uma verdadeira seletividade, pois o mesmo não ocorre com crimes contra direitos humanos que ocorrem em países do ocidente.

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