Preso desde o início de maio, no depoimento à Controladoria Geral da União (CGU), o tenente-coronel Mauro Cid voltou a afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se articulou para recuperar as joias retidas pela Receita Federal, presente dado pelo governo da Arábia Saudita a ele e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e que deveriam ser incorporadas ao Arquivo Público, ao invés de ficar nos bolsos da família Bolsonaro. As joias são avaliadas em mais de R$ 16 milhões.

Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou que foi informado sobre o presente em dezembro de 2022 e procurou verificar a possibilidade de regularizar as joias. Durante o depoimento, Cid esclareceu que o pedido de Bolsonaro foi um desejo, não uma ordem direta.

O tenente-coronel também revelou que consultou o secretário especial da Receita Federal, Júlio César Vieira Gomes, que confirmou a existência das joias retidas e a solicitação de liberação feita pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em novembro de 2021.

Gomes orientou Cid sobre como redigir o documento para retirar o presente, sendo a maior parte das comunicações realizada por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp.

Este depoimento de Cid à CGU consolida a terceira vez que ele é ouvido no inquérito que investiga a tentativa do governo Bolsonaro de importar as joias sauditas sem declará-las à Receita Federal.

O tenente-coronel já prestou depoimento à Polícia Federal em outras quatro ocasiões, duas delas relacionadas à fraude nos cartões de vacinação e duas sobre o caso das joias.