“Eu no outro, o outro em mim”: entrevista com Josyara
Se você ainda não ouviu Josyara cantar e tocar, deixo aqui a indicação para que faça isso assim que concluir a leitura desse texto. Conheça a #ArtistaFoda desta semana.
Por Marcelo Mucida / @planetafoda*
Se você ainda não ouviu Josyara cantar e tocar, deixo aqui a indicação para que faça isso assim que concluir a leitura desse texto.
De Juazeiro, a artista baiana percorreu grandes festivais pelo país e alcançou novos públicos após o lançamento do seu segundo disco “Mansa Fúria”, em 2018.
Com 12 faixas, o álbum conquistou destaque nacional ao trazer composições que abordam diversos assuntos a partir de um olhar muito pessoal. Dos caminhos trilhados entre o sertão e a metrópole a amores de fogo. Da conexão com orixás à resistência.
“Saiu no jornal que é preciso esconder
Tudo aquilo que sou
Pra agradar os senhores do engenho da dor
Não vamos voltar pras senzalas não
Não vamos voltar pros porões
Não vamos voltar pros armários
Não vamos voltar pras prisões
Há de ver que a liberdade
Tá cravada no ser
Na alma”Trecho da letra de “Engenho da Dor” – Mansa Fúria (2018).
Saudade, solidão, paixão, liberdade. Um misto de sensações e de sentimentos compartilhados.
Outro ponto marcante entre os trabalhos da artista é a forma como ela toca violão. Uma forma percussiva que fica evidente ao escutar as músicas de “Mansa Fúria”.
Em 2019, ela ganhou o prêmio WME Awards na categoria “Escuta as Minas”.
Conexões #ArtistaFOdA: Josyara é amiga e parceira do artista Giovani Cidreira, com quem lançou o álbum “Estreite” no ano passado. Ela também foi responsável pela produção musical do EP “Perdendo o Juízo”, de Juliana Linhares. Giovani e Juliana são entrevistados que já passaram por esta seção.
Confira a seguir a conversa na íntegra para a Mídia NINJA / FOdA e conheça um pouco mais sobre a artista.
Como e quando você passou a se perceber entre o desenvolvimento de processos artísticos? Como se deu o contato com a arte?
Eu tinha por volta dos 10 anos quando encontrei um violão em cima do guarda-roupa de meus avós. Segui brincando com o instrumento até que uma amiga de minha mãe resolveu me ensinar a tocar. Fiz uma apresentação no ano seguinte e foi ali no palco que senti o desejo de ser artista, o mesmo que carrego até agora.
O que o lançamento de “Mansa Fúria” significou para a sua trajetória?
Muitas coisas! Acredito que significados virão e estarão sempre ressignificando outros tempos de minha existência (e talvez além dela também).
É um disco que conta minha história de saída de casa, primeiros amores, descoberta da consciência política, racialização… Esse olhar sobre as coisas me fez perceber a importância de cada passo.
Eu vi que você assinou a produção musical do EP “Perdendo o Juízo”, de Juliana Linhares, que já foi entrevistada para a seção #ArtistaFOdA. Como foi a experiência? Você tem vontade de desenvolver mais trabalhos nesse sentido?
Foi um aprendizado gigante. Sou muito grata a Juliana pelo convite e de ter sido tão aberta no processo. Sou uma grande admiradora dela. Amo muito! Sempre quis ter autonomia e foi nesse EP que pude botar a mão em tudo: criar bases, fazer linha de baixo, mudar o som das coisas.
Enfim, essa primeira experiência me deixou animada para estudar mais o universo de produção musical podendo assim quem sabe colaborar com outrxs e mostrar mais em meu trabalho o meu jeito de pensar.
Você tem conseguido produzir novas criações em meio a tudo que estamos vivendo desde o ano passado? O que tem te movimentado atualmente?
Está sendo muito doloroso criar. Autocrítica bombando, incertezas de tudo. Estou sofrendo. Mas há luz no horizonte, rs. No meio desse tormento, realizei alguns feats, entre outros trabalhos criativos, como trilhas para teatro e filme. Acho que isso que anda me salvando do buraco: a troca.
Ah, e a esperança é uma coisa linda.
Em termos de experimentações musicais, algo tem despertado o seu interesse agora?
Nossa, tanta coisa. Adoro escutar música! De tudo! Nem que eu escute só uma vez, mas pra mim é importante conhecer e reconhecer. No momento, estou ouvindo muito a norte americana Kadhja Bonet. Queria muito um dia criar algo com ela.
O que é fazer música, para Josyara?
Sou eu no outro, o outro em mim.
Há a previsão de projetos / lançamentos futuros que você gostaria de divulgar na matéria?
Estou pré-produzindo meu novo álbum.
Desejo que em 2022 esteja no mundo pra todes 🙂
Para ficar de olho no que a artista vem criando, siga o seu perfil no Instagram: @_josyara
E assista aqui ao clipe conjunto que ela lançou para as músicas “Você Que Perguntou” e “Nanã”:
Clique aqui para acessar as outras entrevistas que já foram publicadas na seção #ArtistaFOdA, que apresenta semanalmente os trabalhos de artistas LGBTQIAP+.
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