Tel Guajajara segura o Relógio do Clima, com o tempo que falta para a Terra chegar ao ponto de não retorno. (divulgação)

Por Tel Guajajara*

A produção da ciência nas universidades brasileiras, sem dúvidas nenhuma é um dos nossos maiores orgulhos. Sabemos que 90% de toda ciência produzida no país é pesquisada, incentivada e realizada pelas universidades públicas. Isso mostra a capacidade que as instituições de ensino têm hoje de se tornar como a principal aliada à frente da proteção da vida e do planeta.

Mas a crise climática que tanto assola a vida da população, precisa de uma atenção ainda maior do campo da ciência. Os desastres ambientais fazem parte de um conjunto de consequências de atitudes humanas, por muitas das vezes de modo inconsciente e de outros incentivadas pela lógica do mercado. Temos observado no último período os absurdos causados pelos impactos ambientais: os deslizamentos em áreas suburbanas das grandes cidades; a falta de saneamento em lugares mais remotos; a superexploração das terras indígenas; as altas e repentinas mudanças de temperaturas. O afastamento do poder público desse debate é o que é mais chocante uma vez que configura racismo ambiental, quando existe um perfil de indivíduo que mais é atingido com essa crise climática.

É urgente, que possamos olhar com atenção sobre ‘’qual o papel da universidade nas mudanças climáticas?’

A resposta está em uma universidade ligada às ações mundiais de mudanças climáticas. Por exemplo, algumas instituições de ensino do mundo tem se destacado em fazer ações mais sustentáveis, outras na produção de ciência onde o debate climático seja um horizonte. Até mesmo as estruturas físicas da universidades têm gerado debate sobre mudanças climáticas, ao ponto de incentivar à diminuição de carbono emitido nos campus, e também questionar sua funcionalidade elétrica. Ao ponto que nos perguntamos como essa lógica será transformada a partir de uma estrutura cultural, que irá requerer uma educação ambiental cada vez mais presente no plano pedagógico dos cursos e programas existentes, seja ela de ensino, pesquisa e extensão.

Hoje no Brasil, o Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (AdaptaBrasil MCTI) que foi instituído pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações em 2020 tem um potencial gigante a ser usado na tecnologia, para monitorar e ajudar o país nas mudanças e soluções, bem como pode ser um superagente para atuar em conjunto das universidades.

Recentemente a Prefeitura do Rio e a Universidade de Columbia lançaram o ‘’Climate Hub Rio’’, um centro de pesquisas sobre mudanças climáticas que terá como sede o Rio de Janeiro. Ações como esta de universidades junto com poder público serão cruciais, e para que isso possa acontecer o estado terá que investir cada vez mais com atenção, observando a produção e os resultados.

A valorização desse debate nas universidades é fundamental, para que possamos investigar soluções a partir das ciências de todas as áreas de ensino. Os rumos para alcançar e conscientizar mais pessoas, serão estratégicos e partirão do campo da pesquisa. Podemos ser um país soberano com tecnologia de ponta, com universidades empoderadas e preparadas, munidas de conhecimentos que ajudarão a reduzir o impacto das mudanças climáticas em todos os biomas brasileiros e no planeta.

Investir na educação, na ciência e tecnologia desse país com foco no debate climático, é investir em um futuro sustentável, equilibrado e com justiça social.

*Tel Guajajara é estudante de Direito da UFPA e diretor de Cultura da UNE.

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