Por Iago Montalvão, presidente da UNE e Rozana Barroso, presidenta da UBES.

A criação do Enem e sua ampliação foi uma bandeira de luta histórica do movimento estudantil para tornar o acesso ao ensino superior mais democrático. O exame é hoje, sem sombra de dúvidas, a principal porta de entrada para a universidade. Porém, estamos acompanhando um processo de desmonte por parte do governo Bolsonaro dessa estrutura que lutamos tanto para consolidar. Em 2019 tivemos o “pior Enem de todos os tempos”, cheio de erros na correção, e a edição de 2020 não foi melhor. Foi uma prova repleta de turbulências, com violação das normas sanitárias e ainda com erros no gabarito e falta de transparência na correção especialmente da redação, o que pode afetar a entrada de toda uma geração à universidade.

O MEC expôs os estudantes ao realizar uma prova em um período de descontrole da pandemia, ao vírus e ao risco da morte, com total falta de organização visto as milhares de denúncias de salas lotadas, candidatos barrados e atrasos para divulgar os locais para reaplicação.

Uma sucessão de problemas e desafios aos estudantes que tanto dependem dessa prova para garantir o seu futuro, não são poucos estudantes reclamando.

São milhares os possivelmente prejudicados!

Por isso, A UNE e a UBES ingressaram com uma ação judicial, reivindicando mais transparência sobre os critérios de correção e o acesso aos espelhos da redação, uma vez que sobram desconfianças. Além disso, para que nenhum estudante seja prejudicado, que as inscrições do SiSU sejam mantidas até a resolução das dúvidas quanto à nota.
Além do mais, tanto o Exame de 2019 quanto o de 2020, foram feitos sob gestão do “MEC aparelhado” de Bolsonaro, que segue a cartilha de projetos conservadores, de patrulha ideológica e dos desmontes. É fundamental reforçar que a pauta de “costumes” é prioridade, mesmo o país vivenciado sua maior crise.

O ENEM – e o MEC – passam pela pior gestão de todos os tempos, e toda a construção de um exame de referência, que permite o um acesso um pouco mais democrático às universidades, tem perdido credibilidade sob a incompetência de um governo que não pensa na educação.

Seguindo os preceitos da Reforma de Córdoba, seguiremos defendendo a ampliação e democratização da universidade até que o acesso seja livre. Mas até lá é preciso defender e não permitir retrocessos naquilo que já avançamos.

Como ver o progresso da nação sem educação?

Valorizar o Enem é valorizar o futuro do Brasil!