Por Jardel Felipe*

O conflito entre Israel e a Palestina é um dos conflitos mais complexos e duradouros do mundo. Uma questão global que perdura há décadas, causando sofrimento humano e incertezas em ambas as partes. A partir das perspectivas de Judith Butler, Vladimir Safatle e Edward Said podemos aprofundar um pouco mais nesse conflito. Cada um desses pensadores oferece insights que nos ajudam a compreender a dimensão do luto, a recusa à paz e a natureza da ocupação.

Antes de mergulharmos nas análises de nossos autores, é crucial entender o contexto histórico do conflito Israel-Palestina. O conflito tem raízes profundas, datando do final do século XIX, com movimentos sionistas e nacionalistas palestinos. Ao longo do tempo, houve várias fases críticas, como a Guerra de 1948 e a Guerra dos Seis Dias em 1967, que moldaram o cenário atual.

Judith Butler é uma teórica renomada no campo dos estudos de gênero e da teoria crítica. Sua contribuição é vital para entender o conflito Israel-Palestina, especialmente no que diz respeito ao luto. Ela argumenta que o luto é uma experiência compartilhada por todos os lados do conflito, uma vez que todas as vidas humanas são igualmente dignas de serem lamentadas. Reconhecer o luto dos outros é essencial para alcançar uma compreensão mais profunda e, eventualmente, buscar a paz.

Vladimir Safatle, filósofo e pensador político, oferece uma perspectiva desafiadora sobre a falta de paz no conflito. Ele argumenta que Israel nunca quis a paz genuína com os palestinos, devido a uma série de fatores, incluindo a ocupação e interesses políticos internos. Suas análises apontam para as políticas israelenses e a falta de progresso nas negociações de paz.

Edward Said, um renomado intelectual palestino, concentra-se na ocupação israelense da Palestina como a principal atrocidade do conflito. Ele destaca como a ocupação afeta profundamente a vida dos palestinos, restringindo suas liberdades e oportunidades. Said enfatiza que uma resolução duradoura do conflito deve começar pela abordagem da ocupação.

O conflito Israel-Palestina é uma questão de extrema complexidade, que envolve questões históricas, políticas, culturais e humanitárias. As perspectivas de Judith Butler, Vladimir Safatle e Edward Said oferecem ângulos diferentes para entender o conflito, sua natureza e suas causas profundas. Reconhecer o luto de todas as partes, questionar a recusa à paz e abordar a ocupação são passos fundamentais na busca de uma resolução justa e duradoura.

Não pretendo oferecer uma solução definitiva para o conflito, mas sim encorajar a reflexão e o diálogo, destacando a importância de considerar uma ampla gama de perspectivas na busca por uma paz justa e duradoura na região. É um apelo para que a comunidade internacional continue a buscar uma solução pacífica e justa para o conflito Israel-Palestina, reconhecendo a complexidade e as nuances envolvidas.

*Jardel Felipe é estudante de Humanidades na UNILAB, preto, gay e favelado. Fotógrafo e pesquisador das relações étnico-raciais, masculinidades subalternizadas, racismo e sofrimento psíquico e membro do Movimento Negro