Por Luiza Martins

Todos sabemos a importância da educação em nossas vidas e o quanto ela pode transformar futuros, mas isso se torna impossível quando não temos a mínima estrutura necessária em nossas instituições. É histórica a luta do movimento estudantil para garantir uma educação de qualidade para o nosso povo, enfrentamos os grandes tubarões da educação e fomos linha de frente nas principais lutas contra a precarização do ensino público. Um grande exemplo é o Tsunami da Educação, onde levamos às ruas milhões de estudantes em mais de 200 cidades em todos os estados do país para brigar contra os cortes no orçamento da rede federal proposto por Bolsonaro. Construímos uma grande jornada de lutas e não só conseguimos barrar os cortes como derrubamos também o ministro da educação na época.

Mas Bolsonaro deixou em São Paulo seu filhote, Tarcísio, que, em menos de dois anos de governo, já tentou acabar com os livros didáticos, privatizar as escolas públicas, acabar com a disponibilização de psicólogos e a distribuição de absorventes nas escolas e, mais recentemente, apresentou à ALESP a PEC 9, que corta do orçamento da educação mais de R$ 9 bilhões que poderá ser repassado à pasta da saúde. É nítida a necessidade de mais cuidado com a saúde pública no estado de São Paulo, mas ‘’não se descobre um santo para cobrir outro’’. Reforçamos que uma pasta não se sobrepõe à outra: educação e saúde precisam ser prioridades iguais e não podem ser encaradas como gastos e sim como investimentos. Essa medida pode prejudicar ainda mais a educação pública estadual, que já enfrenta grandes desafios.

Não é novidade para ninguém que a realidade das escolas estaduais hoje é dura. Temos problemas estruturais gigantescos como falta de materiais básicos para as aulas ou até mesmo papel higiênico, absorventes, merenda… Há pelo estado diversas escolas sem internet, com goteiras, laboratórios fechados, banheiros sem porta e muitos outros problemas na infraestrutura, para além de professores mal pagos e educadores desvalorizados e cada vez mais sem direitos. No ensino superior não é diferente, as estaduais paulistas sofrem com a infraestrutura caindo aos pedaços, como é o caso da UNICAMP, onde os estudantes denunciam o descaso com a moradia estudantil, que não é reformada há mais de 30 anos, ou a própria instituição que tem seus pavilhões abandonados e completamente destruídos. Na FATEC e na UNESP também acontecem diversas cobranças e mobilizações por permanência, melhorias na infraestrutura e valorização dos profissionais educadores. Nosso sonho de estudar em uma boa universidade parece cada vez mais distante! Retirar a verba da educação é precarizar ainda mais o ensino que já sofre todos os dias para continuar de pé.

Educação não é gasto, é investimento. Seguiremos organizados para barrar esse corte criminoso que Tarcísio quer impor à educação paulista colocando em jogo milhões de futuros dos estudantes das instituições públicas do nosso estado. Nosso compromisso sempre foi e será a luta pela construção de uma educação pública, gratuita, de qualidade e para todos. Queremos que a educação seja vista por esse governo como o que pode mudar o rumo do estado de São Paulo e do Brasil. Os estudantes querem ajudar a desenvolver pesquisas, compartilhar conhecimento, contribuir para o desenvolvimento econômico e social do nosso estado, mas não dá para fazer isso com as escolas e universidades caindo aos pedaços e correndo o risco de sofrer ainda mais com esse corte, o que pode agravar ainda mais as desigualdades educacionais e sociais entre os estudantes da rede pública e privada. Tarcísio é o inimigo dos estudantes paulistas!

*Luiza Martins – Cria da escola pública. Ativista pela educação, presidenta da UPES. Por meio deste cargo, representa e lidera a luta dos estudantes paulistas.

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