Estudante indígena é tratado como indigente após ser morto em Campinas
Jorge Figueiredo Alvez, indígena do povo Dessana, de 22 anos, foi encontrado morto na Rodovia D. Pedro I
O estudante universitário Jorge Figueiredo Alvez, indígena do povo Dessana, de 22 anos, foi encontrado morto após possível atropelamento na Rodovia D. Pedro I, em Campinas (SP), cidade onde estuda. Natural de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, Jorge era calouro do curso de Educação Física em que ingressou por meio do Vestibular Indígena da Unicamp.
Conforme reportagem de Isadora Stentzler, do Correio Popular, os colegas de Jorge afirmam que ele foi registrado como indigente quando seu corpo foi encontrado na rodovia antes mesmo que pudesse ser identificado. A 4º Delegacia de Polícia de Campinas aguarda os exames periciais para dar andamento às investigações.
Jorge foi levado ao Amazonas para sepultamento e chegou a Manaus na última segunda-feira (21), conforme noticiado no jornal A Crítica. Todo o acompanhamento de Jorge até seu corpo ser levado à família foi feito pelos colegas da Unicamp, em especial indígenas do movimento estudantil. Uma vaquinha foi lançada nas redes sociais pelo Diretório Central dos Estudantes para auxiliar no translado do corpo.
“A polícia, ao encontrar o corpo, entrou em contato com a lista que tinha no celular do parente e, somente aí conseguiu falar com alguém por meio deste contato. O mesmo então se comunicou com a gente na moradia”, explicou Arlindo Baré, um dos representantes dos Acadêmicos Indígenas da Unicamp, à reportagem do Correio Popular. “Imediatamente, realizamos uma busca no campus e nas entidades pelos Direitos Humanos. Ele estava registrado como indigente. O acidente aconteceu às 7h e somente às 15h ficamos sabendo. Às 19h fizemos o registro de ocorrência já com o nome dele para retirar o registro de indigente.”
Jorge era o sétimo filho de nove irmãos. Uma delas, Janete Alves, atua como diretora da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), que prestou solidariedade aos parentes.