Por Paty Zupo

2024 está sendo um ano promissor na carreira de Maria Clara Salgado. Prestes a embarcar para Paris, onde iria acompanhar a irmã Carol Solberg (@carol_solberg) nas partidas de vôlei nos Jogos Olímpicos, a atleta foi convidada pela Sportv a compor o time de comentaristas esportivos. Maria Clara pôde acompanhar os Jogos ao mesmo tempo em que torcia para a irmã, driblando profissionalismo e emoção nas transmissões em tempo real, sempre levando a informação em primeiro lugar com muita responsabilidade.  

Ao passo que os Jogos se encerraram, foi chegada a vez de inspirar a classe esportiva para o envolvimento em causas de impacto com um projeto que visa a transformação através do Esporte. Surge então a Maria Clara gestora, idealizando o prêmio que leva o nome de sua mãe: Isabel Salgado.

Na última terça-feira (24), o lançamento oficial do Prêmio Isabel Salgado contou com a participação dos filhos da atleta: Alisson (@alison_salgadoo), Carol, Maria Clara, Pedro (@pedro.solberg_) e Pilar (@pisalgado) compondo o time do legado da mãe. Eles têm se dedicado a manter o nome de Isabel vivo, e fomentar o incentivo ao esporte é a forma que Maria Clara encontrou para associar a mãe, que foi defensora da igualdade e da justiça social, ao projeto. 

Além de Isabel, a inspiração veio também do Troféu Walter Payton, importante honraria do esporte norte-americano em que os atletas são reconhecidos pelos trabalhos voluntários ou ações sociais realizadas para além da performance. O Prêmio visa impulsionar mudanças sociais através do incentivo aos atletas e ex-atletas para se tornarem protagonistas de transformações sociais.

“Desejamos que o esporte possa ser cada vez mais legitimado como um meio para promover a inclusão, igualdade e a transformação social. Além do poder que ele possui, temos a visibilidade e a capacidade de influenciar a sociedade, nos tornando protagonistas desta mudança, assim como fez minha mãe, que sempre acreditou no potencial do esporte como agente transformador, capaz de mudar vidas“, afirma Maria Clara. 

Com abrangência nacional, o foco inicial será em projetos que tragam o voleibol como parte de suas iniciativas. Sua essência é de independência, pluralismo e diversidade, direcionado a todo o país, de forma que o iniciante que busca implementar uma ideia de caráter social e possui o projeto engavetado possa ser também beneficiado. O prêmio deseja incluir outras modalidades esportivas a partir das próximas edições. Serão três edições anuais que irão contemplar três categorias diferentes, são elas:

Aurora

Os projetos selecionados nesta categoria receberão um aporte financeiro, troféu e o brasão Isabel Salgado em homenagem, que significa que este atleta (ou ex-atleta) é engajado socialmente. Esta modalidade irá ressaltar que o papel dele vai muito além do jogo em quadra, destacando que o indivíduo utiliza sua paixão pelo esporte para acender novas possibilidades e para iluminar o caminho de uma comunidade inteira.

Público-alvo: A categoria Aurora é dedicada aos atletas e ex-atletas, inscritos em confederações, que lideram projetos sociais transformadores e que tenham voleibol dentre as suas atividades. O projeto precisa estar formalizado com CNPJ.

Raízes

A categoria Raízes é dedicada a empreendedores sociais que enxergam no esporte uma ferramenta poderosa de transformação. Assim como as raízes que nutrem e sustentam uma árvore, esses projetos criam e solidificam fundações, promovendo o esporte com inclusão, desenvolvimento pessoal e coesão social. Receberá como prêmio aporte financeiro e troféu. 

Público-alvo: A categoria Raízes é voltada para os empreendedores sociais que veem no esporte uma poderosa ferramenta de transformação social, e que tenham o voleibol entre as iniciativas de seus projetos sociais. O projeto precisa estar formalizado com CNPJ.

Semente

Esta categoria visa transformar sonhos em realidade. É para aqueles que desejam desbloquear o seu potencial de engajamento social, e que gostariam de utilizar o voleibol como ferramenta. O indivíduo irá se especializar através do prêmio, que é uma capacitação em Gestão de Projetos Sociais e, ainda, poderá receber um aporte financeiro classificado como “semente” para dar início ao desenvolvimento do projeto.

Público-alvo: A categoria Semente é voltada para os iniciantes, pessoas que desejam engajar uma causa social, utilizando o voleibol como ferramenta de transformação.

Ter parceiros alinhados com o projeto é importante para o andamento, visto isso, entram em cena o Banco do Brasil como patrocinador oficial, o Instituto da Criança como gestor social e operacional e a Confederação Brasileira de Voleibol com o apoio.

Isabel Salgado

Maria Isabel Salgado foi uma grande defensora da igualdade e justiça social, uma atleta consagrada para o esporte brasileiro. Jogou ao lado de Vera Mossa e Jaqueline compondo a seleção feminina do vôlei que abriu portas para a modalidade nos anos 1980. Em sua trajetória, participou de duas Olimpíadas, Moscou (1980) e Los Angeles (1984). Foi a primeira atleta a disputar grandes competições pelo nosso país. Conquistou o Bronze com a equipe brasileira, sendo peça chave nos Jogos Pan-Americanos de 1979, várias medalhas em torneios e campeonatos. A primeira brasileira a atuar em uma liga estrangeira, contratada pelo Modena, na Itália, em 1980. Nesta mesma década, ganhou o título mundial de melhor jogadora de vôlei, estando entre as seis ranqueadas do Mundo.   

Destemida que era, marcou também o início do vôlei de praia e das participações brasileiras no circuito mundial, ao lado de Jackie Silva (@jackievolley), Shelda (@sheldakbbede) e Roseli Timm (@timmroseli), parceira com quem conquistou o Mundial em Miami em 1994.

Além das quadras, Isabel rompia barreiras também na vida pública: participou das Diretas Já, foi ativa em iniciativas que uniam o esporte em prol da democracia, deu aulas de vôlei às meninas do DEGASE como forma de apoio à transformação delas para retorno ao convívio social. Em 2020 formou, com outros atletas e esportistas, o movimento “Esporte pela Democracia” que visa lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, levantando a bandeira contra o racismo. O movimento conta com atletas ativos na causa até hoje, como o jogador Raí, importante na derrubada contra o fascismo em seu discurso pró-democracia nas eleições de Paris.

Isabel nos deixou em 2022, vítima de uma parada cardíaca decorrente de uma inflamação pulmonar.

Ao se lembrar da mãe, Maria Clara diz que “queremos (meus irmãos e eu) que este prêmio incentive outros atletas a utilizarem seu tempo e sua experiência para criar mudanças positivas nas vidas de crianças e jovens […] que o objetivo do Jogo não seja apenas a medalha, e que o esporte possa ser cada vez mais legitimado como um meio que promova inclusão, igualdade (de gêneros) e principalmente, a transformação social”.

O Esporte transforma o agora.

O futuro é coletivo.

Para mudar o futuro é preciso ter coragem, empatia e força de vontade para as escolhas inclusivas e participativas. 

Através do coletivo, com o envolvimento dos pais, adultos e responsáveis, o jogo pode ser justo. O ganhar e o perder ganham outro significado. Porque “toda revolução começa com uma pessoa”. 

E você, deseja ser parte desta transformação?

Se inscreva até 23h59min do dia 15/12/2024 através do site: 

ou

https://prosas.com.br/editais/14950-premio-isabel-salgado