Estados apostam em lockdown para tentar frear avanço da Covid-19
Após decretar lockdown por dez dias entre o fim de fevereiro e o começo de março, a Prefeitura de Araraquara, no interior de SP, registrou queda de 50% na transmissão do vírus.
Em meio a recordes de mortes e UTIs lotadas, estados passaram a adotar políticas de endurecimento no combate à pandemia, como toque de recolher e fechamento de comércio. São Paulo entrou ontem em fase emergencial para “desafogar” hospitais; cidades como Belém e Curitiba têm bloqueio total. Regiões de Minas Gerais decretam a partir de amanhã medidas mais restritivas.
São Paulo começou ontem a “fase emergencial”, ainda mais restritiva do que a fase vermelha. A Prefeitura de São Paulo abriu 19 unidades de assistência médica ambulatorial (AMA) para o atendimento exclusivo de pacientes com crises respiratórias. Todo o estado, incluindo a capital, contará com restrições a lojas de materiais de construção, teletrabalho em escritórios e órgãos públicos e proibição de cerimônias religiosas. Também houve restrição ao funcionamento de escolas estaduais, que entrarão em recesso a partir de hoje.
Após decretar lockdown por dez dias entre o fim de fevereiro e o começo de março, a Prefeitura de Araraquara, no interior de SP, registrou queda de 50% na transmissão do vírus, segundo a prefeitura, de 43% na média móvel diária de casos e de 28% na quantidade de internações. Apesar disso, a taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid continuou alta, na casa de 94%.
Na região Norte, Belém e mais quatro cidades da região — Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara — entraram em lockdown a partir de ontem, para tentar conter a transmissão do novo coronavírus. Com o bandeiramento preto, apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar. A capital paraense alcançou, no sábado, 110% de ocupação dos leitos clínicos para o atendimento de pacientes da covid-19 administrados pela prefeitura. Nas unidades de terapia intensiva (UTI), o índice de ocupação chega a 94%.
Todas as regiões de Minas Gerais entram nesta quarta (17) na onda roxa, uma medida adotada pelo governo estadual para conter a disseminação da Covid-19. A medida do plano Minas Consciente terá validade de 15 dias e valerá para os 853 municípios do estado. Na onda roxa, apenas os serviços essenciais podem funcionar e apenas as pessoas que trabalham nessas atividades devem circular pelas ruas das cidades.
No Paraná, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), decretou lockdown, com validade de nove dias até domingo. A prefeitura lembrou que nos últimos dias abriu 154 UTIs para atendimento de casos de covid-19, fazendo a estrutura chegar a 456 leitos críticos no total. “É um esforço imenso para evitar a transmissão. Pela primeira vez teremos lockdown”, declarou.
Toda essa estratégia tem apenas um objetivo: desafogar a demanda nos hospitais no atendimento aos casos do novo coronavírus. O aumento da capacidade de atendimento ocorre em um momento em que o sistema de saúde sofre pressão pelo alto número de infectados e aumento do tempo de internação. Na primeira onda da pandemia, também era elevado o número de pacientes internados, mas, desta vez, os doentes demoram mais tempo para se recuperar, o que pressiona o sistema de saúde