Estado de emergência: Amazônia sofre com seca e queimadas
Após enfrentar a maior seca de sua história, em 2023, a Amazônia enfrenta novamente um período se estiagem, que dessa vez começa mais cedo e promete ser mais forte que o anterior.
O Amazonas decretou estado de emergência em 20 municípios localizados nas calhas do Juruá, Purus e alto Solimões devido à severa seca nos rios do estado. O decreto, com validade de 180 dias a partir da publicação no Diário Oficial nesta sexta-feira (5), visa mobilizar recursos e apoio federal para as áreas afetadas.
Além disso, o governo também decretou emergência ambiental devido às queimadas que assolam o sul do Amazonas, Manaus e região metropolitana.
O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa na sede do governo, onde o governador destacou a importância dos decretos para agilizar a resposta governamental e a assistência às comunidades afetadas.
Os níveis dos rios em todas as calhas do Amazonas estão abaixo do esperado para o período, com exemplos como o Rio Negro marcando 26,70 metros nesta sexta-feira, comparado a anos anteriores com cotas superiores a 29 metros.
Não muito diferente do Amazonas, Rondônia também está sofrendo com a estiagem.
O governo de Rondônia publicou um decreto declarando estado de emergência devido ao período crítico de estiagem enfrentado no estado. O documento, publicado no Diário Oficial do Estado na quinta-feira (4), destaca a grave situação causada pela baixa pluviosidade e pela diminuição significativa dos níveis dos rios.
Em 2023, o rio Madeira atingiu o menor nível já registrado, e desde então, especialistas alertavam para uma seca ainda mais severa em 2024. Segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Porto Velho completou um mês sem chuvas até 25 de junho, com altas temperaturas e tempo seco afetando os moradores.
O decreto visa mitigar o risco de insegurança alimentar e nutricional para alunos da rede pública nos municípios mais afetados pela seca, garantindo continuidade das atividades escolares mesmo diante da escassez de água.
Mas o problema já vinha sido anunciado. Em reportagem, o veículo de jornalismo independente Amazônia Real, contou que cientistas da tríplice fronteira Madre de Dios, Peru– Acre, Brasil – Pando e Bolívia (MAP) emitiram um alerta em 25 de fevereiro de 2024 sobre seca severa, ondas de calor, queimadas e fumaça.
O documento, no qual a Amazônia Real teve acesso, previu com todas as letras que uma seca mais intensa poderia acontecer, iniciando-se entre maio e julho de 2024, baseado nas previsões emitidas pelo International Research Institute for Climate and Society (IRI) e pelo Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF).
“As previsões indicam ocorrência de chuvas abaixo do normal e temperaturas acima do normal para os próximos seis meses. Caso o clima se comporte de acordo com estas previsões, antecipamos problemas agudos de abastecimento de água, ondas de calor e queimadas acidentais em áreas agrícolas e incêndios florestais. Estes últimos repercutiriam em altos níveis de fumaça com implicações sérias para a saúde humana e ambiental”, diz a carta.