Esporte x veganismo: como a alimentação livre de crueldade animal pode ser aliada dos atletas de alto rendimento
Conheça as atletas veganas que representam o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2024.
Por: Mariane Kairalla
Composta por 277 atletas, a delegação brasileira desembarcou em Paris com um número inédito de participação feminina. Neste ano, 153 mulheres estão em busca do ouro; dentre elas, quatro atletas podem provar que o veganismo se tornou um grande aliado das competições esportivas.
Para muito além das proteínas, o veganismo é um movimento que exclui na medida do praticável, qualquer tipo de exploração e consumo de alimentos e produtos de origem animal do dia a dia dos adeptos.
Em 2018, cerca de sete milhões de brasileiros se consideravam veganos, enquanto quase 30 milhões eram vegetarianos, representando 14% da população nacional.
Estudos do Laboratório de Nutrição e Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), constataram que a alimentação “plant based” não prejudica o desempenho de atletas de alto rendimento; durante os Jogos Olímpicos de Paris, atletas brasileiras serão capazes de colocar à prova os resultados obtidos durante as pesquisas.
Conheça as atletas veganas da delegação brasileira:
Amanda Schott
Provando que a força está do lado dos veganos, Amanda representa o Brasil nas competições de levantamento de peso. A halterofilista foi quatro vezes campeã brasileira em sua categoria e faz questão de ser representante ativa do veganismo nas redes sociais.
Ana Carolina
A vice-campeã olímpica da seleção brasileira de vôlei feminino Ana Carolina, está em busca de mais uma medalha nas olimpíadas. Ela compartilha com seus seguidores as escolhas alimentares do dia a dia; além de informações sobre seu ativismo por meio de postagens que ilustram os motivos pelos quais decidiu parar de consumir produtos de origem animal.
Marina Fioravanti
Representando o Brasil e o veganismo no rugby, Marina que é engenheira ambiental por formação e ex jogadora de handebol, participa este ano da segunda competição olímpica da carreira. Ela se autodenomina vegana e amante da natureza.
Macrís Carneiro
Dobradinha vegana na seleção de vôlei em Paris. Macrís, conhecida como “fada vegana”, participou da conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, somando 16 medalhas ao longo da carreira. A atleta já foi sete vezes eleita a melhor levantadora da superliga brasileira.
Além do Brasil, outros países levaram para Paris atletas representantes do veganismo: Novak Djokovic, tenista da Sérvia, Vivian Kong, esgrimista Chinesa, Constantin Preis dos 400 m com barreiras da delegação alemã e Morgan Mitchell dos 800 m com barreiras da Austrália.
Dieta dos Gladiadores
O documentário Dieta dos Gladiadores, produzido por James Cameron (Avatar) e Arnold Schwarzenegger, disponível na Netflix, revela que a alimentação dos gladiadores de Roma, era praticamente isenta do consumo de carne; esses guerreiros costumavam lutar entre si até a morte. Para sobreviver aos duelos, era preciso um alto nível de força física, que era extraída basicamente de uma dieta a base de folhas ricas em minerais.
A produção norte-americana originalmente intitulada “The Game Changers”, acompanha a saga do lutador James Wilks, em busca de sua recuperação física após sofrer uma lesão. Pesquisando sobre dietas que poderiam auxiliar durante sua jornada, o atleta se deparou com a alimentação nada convencional dos gladiadores e resolveu procurar entender mais a respeito da base nutricional do que tinha acabado de descobrir e se surpreendeu.
Wilks se tornou vegano e conseguiu se recuperar da lesão com auxílio crucial dos alimentos. Anos mais tarde fundou a própria marca de nutrição esportiva e a batizou com a palavra grega equivalente a plantas, FYTA.
Mas e as proteínas?
Toda e qualquer pessoa que segue uma alimentação vegetariana e vegana já ouviu alguma vez a famosa frase “mas e as proteínas?”. É fato que a dieta a base de plantas fornece toda a proteína e nutrientes necessários para uma alimentação completa. A verdade é que qualquer hábito alimentar que não seja equilibrado, pode prejudicar a saúde de veganos e não-veganos.
A vitamina B-12 é a única não encontrada em vegetais e que pode ser necessário realizar a suplementação; entretanto, carnívoros também estão propensos a apresentar necessidade de reposição.
Pode-se afirmar que a alimentação vegana apresenta inúmeros benefícios para atletas de alta performance, como o aumento de resistência imunológica, maior consumo de carboidratos (essenciais para ganho de energia), propriedades anti-inflamatórias e maior quantidade de antioxidantes; componentes que podem ser fundamentais para recuperação de lesões e fortalecimento por exemplo.
Com os avanços dos estudos sobre o tema e o crescente interesse de atletas a este estilo de vida, os ativistas da causa animal podem sonhar com um futuro onde animais tenham um destino menos cruel e pessoas possam usufruir dos benefícios para a saúde oferecidos por hábitos alimentares éticos.
Neste período, toda a nação brasileira torce pela conquista do tão sonhado ouro durante os jogos. Mas, para o veganismo, a vitória foi anunciada quando os representantes do movimento pisaram em solo francês.