Esporte e saúde mental: quando o jogo vai além do campo
A falta de uma vida saudável, que esteja em equilíbrio entre uma boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos, pode ocasionar várias doenças
Por Gabriela Nascimento
Dois pontos a serem levados em consideração no que diz respeito ao esporte e à saúde mental são que, muitas vezes, o esporte é utilizado como uma forma de escape e de reabilitação psicológica. As modalidades são colocadas como uma representação de saúde e bem-estar. Ou seja, fica evidente que o esporte traz muitos benefícios à saúde mental quando é tratado como prioridade e quando existe um equilíbrio nas atividades esportivas, pois tudo em excesso pode ocasionar problemas futuros.
A falta de uma vida saudável, que esteja em equilíbrio entre uma boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos, pode ocasionar várias doenças, como problemas cardiorrespiratórios, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outros. Além disso, essa falta pode contribuir também para a proliferação de problemas psicológicos, e essas adversidades têm o mesmo poder que as outras doenças têm para abalar a vida pessoal e profissional das pessoas.
Além disso, a prática de exercícios físicos traz melhora na autoestima, na disposição, reduz o nível de ansiedade e depressão, melhora a respiração, a concentração, aumenta a autoconfiança, contribui para se manter no peso ideal e diminui o estresse. Dá para notar que o esporte é considerado uma forma de escape e uma solução em diversos momentos. São inúmeros os benefícios de uma vida saudável, com isso, fica comprovado que a harmonia das práticas é essencial.
Em contrapartida, muitos atletas têm se afastado ou até mesmo se aposentado do esporte justamente por problemas psíquicos. Muitas vezes, eles são obrigados a suprir inúmeras demandas externas. Vários atletas são vistos como heróis imbatíveis. Esse adjetivo acaba atrapalhando o desempenho dos esportistas, pois se houver algum erro, já é motivo de cancelamento. Além disso, existe também uma rotina exaustiva dos jogadores, que são forçados a ter uma rotina puxada de treinos para obter bons resultados.
Partindo dessa ideia, confirma-se que nada em excesso é benéfico, mesmo que inicialmente essa prática seja vista como positiva para a sociedade. Também vale ressaltar que diversas modalidades não priorizam a saúde mental e uma rotina mais tranquila e assertiva. Muitas modalidades ainda não têm acesso a esse serviço por parte das organizações de cada clube. No que diz respeito ao futebol masculino, muitos times não oferecem esse serviço psicológico aos jogadores, como Corinthians, Flamengo, Grêmio, Internacional, entre outros times, o que configura uma defasagem na modalidade nesse sentido.
Inclusive, o episódio mais recente que evidencia o aumento de situações em que os jogadores precisam lidar com casos de pressão psicológica foi do jogador brasileiro Richarlison de Andrade. Ele expõe que passou por momentos difíceis em sua vida pessoal e que teve pessoas que se aproximaram dele interessadas em sua vida financeira. Porém, essas pessoas não fazem mais parte do seu ciclo de convivência, e a partir disso, sua vida irá fluir de forma mais assertiva.
“Dentro de campo sou um cara feliz, de equipe, tento ajudar o máximo possível. Às vezes, as coisas não acontecem do jeito que a gente quer. Creio que essa parte é um pouco do lado extracampo. Acabou me atrapalhando. Mesmo você querendo fazer as coisas certo, acaba dando errado. Vou continuar focado no clube, a tempestade já passou”, declarou.
Segundo a psicóloga da Hapvida Notre Dame Intermédica, Michelle Costa, “o estigma de que ‘homens suportam tudo’ é fortemente trazido por outros homens. A vergonha de assumir que precisam de ajuda psicológica ainda é uma barreira para o início do tratamento”, afirmou.
Além do mais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que o Brasil é considerado o país com mais pessoas ansiosas. Além disso, o Ministério da Saúde informou que o diagnóstico precoce e efetivo contribui para um tratamento eficaz com o intuito de obter bons resultados.