Esporte e Democracia: momentos marcantes no esporte mundial mostram que o espaço político entra nas modalidades esportivas
Neste 15 de setembro, celebramos o Dia internacional da Democracia. A data nos faz refletir sobre a luta por direitos básicos nesse tipo de regime político. Todo lugar é palco para discussão política, atualmente, mas em alguns há certas restrições.
Por Gabriela Farias
O dia 15 de setembro é o Dia Internacional da Democracia, criado pela Organização das Nações Unidas em 2007, e motivo de celebração da “Declaração Universal da Democracia”. Esse documento define a democracia como um direito básico e seu exercício deve ser em condições de liberdade, igualdade, transparência, responsabilidade, e com respeito à pluralidade da comunidade. Também vale ressaltar o princípio nº 21 da democracia, retirado de Publicações Interlegis:
21. O estado democrático pressupõe a liberdade de opinião e expressão. Esse direito implica a liberdade de emitir opiniões sem interferências e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
A partir do décimo primeiro princípio da democracia, vários atletas fizeram das suas competições palco político e se expressaram em diversas situações. Um dos casos mais recentes refere-se à Lei Geral do Esporte no Brasil, que tinha a reinvindicação dos jogadores de futebol para que fossem vetados dois parágrafos do artigo 86. Durante uma rodada da Copa do Brasil (31/05/2023), após o apito inicial, os atletas ficaram com a mão na boca por cerca de 30 segundos em forma de protesto. E após o ocorrido, e a pressão da União dos Atletas de Futebol Séries ABCD, a lei foi sancionada (14/06/2023) com os parágrafos devidamente vetados.
Também no mundo do futebol, mas em esfera global, a última Copa do Mundo foi alvo de protesto em campo. Realizada no Catar, um país conservador e monárquico, a competição teve uma proibição da Fifa para não usarem a braçadeira de capitão da campanha “One Love”, de apoio à comunidade LGBTQIA+. Assim, antes de entrar em campo, os jogadores da Alemanha taparam a boca como forma de protesto pela interdição. O que surpreende é a origem desse impedimento ser da Federação Internacional de Futebol, que em teoria deveria promover “uma sociedade mais justa e igualitária através do futebol”, segundo sua própria página oficial na parte de “O que nós fazemos”.
Outro caso futebolístico de protesto foi em 1936, que originou na Olimpíada Popular como uma forma de boicotar o fascismo da época. Após uma campanha de boicote à Alemanha Nazista, sede do evento, que não conseguiu convencer os países de não participar da Olímpiada, a Conferência Internacional para o Respeito do Ideal Olímpico apresentou um evento alternativo para impedir a propagação do fascismo: a Olimpíada Popular. As expectativas para essa alternativa eram muito grandes e inclusivas, porém não pôde se realizar pois eclodiu uma guerra civil na Espanha.
Somando mais uma modalidade nos protestos, dentre muitos capítulos de manifestação, Milwaukee Bucks decidiu que não jogaria a partida como ato de repulsa sobre os sete tiros dados por um policial em um cidadão americano negro, Jacob Blake (em 23/08/2020) e toda a violência direcionada à população negra. No quinto jogo da série de primeira rodada dos playoffs da NBA, os atletas do Milwaukee decidiram não participar da partida em forma de protesto. Fora das quadras, vários nomes do basquete americano se pronunciaram no Twitter.
Com isso pode se observar que o esporte vira porta voz de causa sociais e políticas. E nesse dia tão importante vale relembrar casos emblemáticos para ressaltar que a importância de opiniões de figuras públicas em prol de pautas e movimentos sociopolíticos.