Espaço Cordel e Repente leva a cultura nordestina para a Bienal do Livro de São Paulo
O protagonismo nordestino na literatura ganhou espaço na 26ª Bienal do Livro Internacional de São Paulo no espaço Cordel e Repente, com a participação de artistas de cordel, repentistas, músicos, xilógrafos, além de escritores e livros de diversas editoras.
Espaço Cordel e Repente contou com a participação de mais de 100 artistas, entre autores de cordel, repentistas, músicos, xilógrafos, além de escritores e livros de diversas editoras
Por Mauro Utida
O protagonismo nordestino na literatura ganhou espaço na 26ª Bienal do Livro Internacional de São Paulo no espaço Cordel e Repente, com a participação de artistas de cordel, repentistas, músicos, xilógrafos, além de escritores e livros de diversas editoras.
Nos nove dias de evento – de 2 a 10 de julho – se apresentaram mais de 100 artistas no palco do estande, entre cordelistas, repentistas, contadores de história e declamadores, a grande maioria vindo direto do nordeste. Um dos destaques foi o compositor Lirinha, líder da Banda Cordel do Fogo Encantado, que se apresentou no estande na última quinta-feira (7), além de uma bancada de gente boa.
De acordo com Lucinda Marques, da editora Imeph, o estande contou com a divulgação de mais de mil títulos impressos das editoras Brasil Tropical, Ensinamento, Armazém da Cultura, Terra da Luz, Caminhar, além da Imeph, e muitas publicações de cordel independente.
Chico Feitosa, nome artístico do cearense Francisco Venâncio Feitosa, “um trovador bom de rima e bom de prosa”, participou da Bienal pela terceira vez e esteve no estande Cordel e Repente divulgando o seu trabalho. “A Bienal nos proporciona divulgar o nosso trabalho e estar em contato direto com o nosso leitor e este espaço é importantíssimo para os artistas popular que não tem espaço na grande mídia”, destacou.
A mesma opinião é de João Pedro Juazeiro, nome artístico de João Pedro Tavares, que encantou o público com o seu trabalho de xilogravura, trabalho que desenvolve há 32 anos e o levou a receber o título de Mestre da Cultura do Ceará. Ele participa da sua quarta Bienal. “Este estande proporciona visibilidade, divulgação e progresso da nossa cultura popular”, destacou o artista que já expôs o seu trabalho em países da África e Europa.
O estande também foi político/social e deu espaço para a divulgação do livro “Tom Elis e Chico”, da escritora cearense Mônica Mota, que se emocionou na mesa de conversa ao lembrar do abuso sexual que sofreu quando criança e abordou o trauma na publicação que é um alerta contra a violência sexual infantil e o impacto causado pelo agressor na vida das crianças. “É sempre muito difícil expor as dores de uma violência sexual, é uma história de vida que ainda dói, mas através da literatura posso alertar pais e familiares de forma que todos possam entender esta violência e evitar novos abusos”, destaca.
Capital mais nordestina fora do nordeste
A executiva da editora da Imepeh, Lucinda, destaca que o espaço foi muito bem recebido pelo público da Bienal e que é o estande que mais representa a cultura brasileira, com foco na cultura nordestina que é tão rica e espalhada no mundo todo, principalmente em São Paulo, considerado a capital mais nordestina do Brasil fora do nordeste. “Nós temos aqui mais de quatro milhões de nordestinos morando no estado, a aceitação é muito grande”, comemora.