A Noite dos Enredos, um dos eventos mais aguardados pelos amantes do Carnaval carioca, voltou com força total após dez anos de hiato. Realizada na noite de sexta-feira (30), na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio de Janeiro, a festa reuniu mais de 8 mil pessoas que vibraram ao som das doze agremiações do Grupo Especial.

Sob a liderança de Gabriel David, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), o evento teve como objetivo principal apresentar uma prévia do que cada escola de samba trará para a avenida em 2025, e a expectativa é que a Noite dos Enredos se torne um evento anual.

Cada agremiação teve 12 minutos para impressionar o público e mostrar um pouco do enredo que estão preparando para o próximo Carnaval, confira o que cada escolas apresentou:

Unidos de Padre Miguel (UPM) foi a primeira a subir ao palco, destacando a história de Iyá Nassô, mulher africana que fundou o primeiro terreiro de Candomblé no Brasil. A apresentação foi marcada por uma forte homenagem à força da mulher afro-brasileira, encerrando com a presença imponente do casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Unidos da Tijuca trouxe para a Cidade do Samba um pouco do funk do Borel, destacando a juventude tijucana. A escola fez uma viagem pela história de Logunedé, orixá jovem respeitado pelos mais velhos, e encerrou sua apresentação com um menino do Borel recebendo o pavilhão da escola e transformando a noite em um verdadeiro baile funk.

A Mocidade Independente de Padre Miguel optou por uma abordagem nostálgica, revisitando sambas históricos da agremiação. A ideia foi se reconectar com o passado para projetar um futuro de glória.

O Paraíso do Tuiuti entregou uma das apresentações mais impactantes da noite, abordando a resistência das mulheres trans no Brasil. Com uma leitura didática do enredo, a escola emocionou ao som do samba-enredo de 2025.

A Beija-Flor de Nilópolis emocionou o público ao fazer um tributo ao inesquecível mestre Laíla. Com a participação da plateia, que utilizou velas artificiais durante o espetáculo, a escola de Nilópolis revisitou a memória de um dos maiores ícones do Carnaval.

A Estação Primeira de Mangueira encantou o público ao som de músicas icônicas como “Sorriso Negro”, de Ivone Lara, e o samba-enredo de 1998. A verde e rosa também fez uma apresentação imersiva e sensorial, explorando a presença negra no centro do Rio de Janeiro, desde a influência Bantu até os dias atuais. 

Vila Isabel fez uma apresentação lúdica e humorística, explorando a ideia de que “quanto mais se reza, mais assombração aparece”.

O Acadêmicos do Salgueiro optou por contar a história do ritual de fechamento de corpo, exaltando os patuás e as simbologias de cada religião. A apresentação foi intensa e carregada de simbolismo.

A Portela com a presença de grandes cantoras como Teresa Cristina e Roberta Sá, se apresentou embalada pelos hits de Milton Nascimento, cantor que será homenageado pela agremiação em 2025. Simulando um grande coro, a escola encerrou a apresentação com a presença de Milton Nascimento no palco.

A Acadêmicos do Grande Rio levou a cultura do Carimbó de Belém para o palco, mostrando ao público a riqueza dessa manifestação cultural amazônica.

A Imperatriz Leopoldinense fez uma das apresentações mais plásticas da noite, utilizando figurinos riquíssimos. O ponto alto do espetáculo foi a presença da Cigana, símbolo do Carnaval de 2024, passando o pavilhão da Imperatriz para o Orixá, que será o protagonista de 2025.  

Por fim, a Unidos do Viradouro, campeã do Carnaval 2024, encerrou a noite com uma apresentação simbólica sobre Malunguinho, entidade afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu. O espetáculo contou com a presença de figuras importantes da escola, como Mestre Ciça, Tarcísio Zanon, e Erika Januza.

Com a promessa de continuar nos próximos anos, a Noite dos Enredos se consolida como um dos grandes eventos do calendário pré-carnavalesco do Rio de Janeiro.