Localizada no extremo Sul da Bahia, a Escola Popular já beneficiou mais 2,5 mil famílias com as atividades formativas

Foto: Cadu Souza

Por Wesley Lima

Nos dias 26 e 27 de agosto, a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),  localizada no assentamento Jacy Rocha, no município do Prado (BA), realiza uma grande festa em comemoração aos dez anos de promoção da agroecologia no extremo Sul da Bahia. Na ocasião serão inauguradas as novas dependências da escola, com o objetivo de oferecer melhores estruturas de estudo, trabalho e desenvolvimento técnico de experiências que visam a transição agroecológica na região e no estado.

A Escola Popular é referência na formação agroecológica e agroflorestal, pois tem atuado na experimentação de manejos produtivos e processos pedagógicos, apresentando de maneira prática a viabilidade da construção de novas relações entre os seres humanos e a natureza, a partir da recuperação ambiental e da produção de alimentos saudáveis. Os dez anos de atividades desenvolvidas marcam esse processo.

Na programação estão previstas atividades festivas e políticas, com atrações culturais e a presença de representantes da política nacional, estadual e local. Além disso, nas comemorações serão comercializados produtos da reforma agrária.

O dia 26 será marcado pelo ato de inauguração oficial das novas estruturas da escola, jantar com amigos e amigas do MST e apresentações culturais. No dia 27, ocorrerá um culto ecumênico, uma trilha agroecológica pela EPAAEB, uma mesa sobre o tema “Povos do Território, Universidades e a Agroecologia” e atividades culturais.

Uma escola símbolo de resistência

Dionara Ribeiro, do Setor Pedagógico da Escola Popular, explica que a Egídio Brunetto foi construída no berço do “deserto verde”. “A construção é desafiante, justamente porque traz em sua essência os desafios da luta pelo acesso à terra, o desafio da formação política e técnica dos assentados e assentadas, e o desafio da construção de tecnologias apropriadas à agricultura camponesa”.

Ela conta ainda que a construção da Escola Popular aconteceu em meio a tensão entre dois modelos de desenvolvimento. De um lado a monocultura de eucalipto, que tem ampliado a degradação ambiental, e do outro a agroecologia através da conquista de alguns assentamentos na região. Neste cenário, “a escola se torna ferramenta pedagógica e de resistência dos trabalhadores do campo”, explica Ribeiro.

Dez anos de formação técnica e política

Foto: Cadu Souza

Em dez anos, a Escola Popular e o MST têm muito a comemorar. Já passaram pela Escola seis turmas de agroecologia, 90 turmas de alfabetização, através do método cubano “Sim, eu Posso”, e três especializações em Educação do Campo e Agroecologia.  Foram desenvolvidos ainda um conjunto de “cursos básicos” voltado às famílias assentadas e acampadas, como o Curso de Agrofloresta, Sistemas Agroflorestais (SAF) no cacau, o SAF no café, entre outros. 

Neste período, mais de 2,5 mil famílias foram beneficiadas com as experiências e processos de formação da escola, que atende, além das áreas do MST, comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas. Estima-se que mais de 12 mil pessoas já passaram pelos cursos e espaços de estudo da Escola.

Representantes políticos e estudantes de outros países também passaram pela escola. China, Canadá, França, Dinamarca, Finlândia, Japão, Espanha, Itália, Estados Unidos, Gana (África), Congo, Kükita (Estônia), Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia e Venezuela, se destacam.