Os Yanomami viviam em isolamento quase que total até os anos 1980, quando foi encontrado ouro no território. A partir daí o garimpo invadiu a região provocando doenças como tuberculose, malária, desnutrição e envenenamento por mercúrio. Muitos estudos ao longo das últimas décadas associaram esses problemas de saúde ao garimpo.

Tuberculose

Por centenas de ano o isolamento dos Yanomami os livrou das pragas do mundo “civilizado”, como a tuberculose. Em 1997 um estudo de pesquisadores brasileiros apontou que na metade do século 20 a doença começou a se espalhar pelo território. O primeiro caso foi registrado em 1965 e pequeno número de casos em 1970. Mas a partir dos anos 1980, as infecções se tornaram epidêmicas.

Malária

Estudo publicado no final de 2022 descreveu que a dificuldade das autoridades de saúde em controlar o vírus nas regiões de fronteira era uma das razões para o aumento de casos da doença. Outra razão apontada foi o extrativismo, tendo sido o garimpo o responsável pela maior transmissão da doença. A devastação da floresta e escavação do leito dos rios geraram locais abundantes para a procriação dos mosquitos. Ao tempo em que os invasores aumentavam, aumentava também o número de casos. De 2016 a 2020, o número de casos de malária subiu 1.090% nas áreas indígenas e 75.576% em áreas de garimpo, diz o estudo.

Envenenamento por mercúrio

Pesquisas apontando a contaminação por mercúrio foram constantes. O mercúrio é utilizado para encontrar ouro no sedimento escavado dos rios. Ele fica no ambiente e polui áreas utilizadas pelos indígenas para caçar, pescar e colher, além de devastar florestas. A alta concentração de mercúrio nas populações próximas aos garimpos também pode gerar déficit nutricional nas crianças, que apresentam crescimento retardado, falta de peso e desgaste muscular, sem precedentes na literatura especializada. A pesquisa que avalia a associação entre a poluição de mercúrio e o crescimento retardado ainda está em andamento.

Desnutrição

A devastação da floresta impacta no modo de vida dos Yanomami, que retiram da terra o seu sustento. Caçam animais e colhem frutas por eles plantadas. Com florestas abertas e áreas alagadas, além de comprometimento de sua cadeia alimentar, têm dificuldade de encontrar água potável.

 

Assim, muitos dos males que ameaçam as vidas dos Yanomami, podem ser evitados. Muitas vidas teriam sido salvas se houvesse assistência médica e de medicamentos, por exemplo, mas garimpeiros bloquearam pistas de pouso, invadiram e destruíram unidades de saúde, além de ameaçar a segurança de profissionais de saúde.

(Fonte: DW)