Entenda a greve que ainda permanece pelas universidades e institutos federais do Brasil
Pesquisa de iniciativa dos Estudantes NINJA reúne os motivos, as tomadas de decisões e como está afetando todo o ano letivo de 2024
Por Thalisa Tavares
Completando dois meses, a greve das universidades e institutos federais de todo o território brasileiro ainda se estende sem previsão para o seu fim. Com motivos salariais compreensíveis, técnicos administrativos e professores buscam por seus direitos nessa conversa com o governo que permanece irredutível aos ajustes necessários.
Por qual motivo?
Com o reajuste salarial em zero no ano de 2024, em 2025 o de 9% e o drástico 5% em 2026, essas classes divergem com a proposta apresentada, buscando em 2024 seus 7,06%, em 2025 seus 9% e em 2026 seus 5,16%.
Quem aderiu?
Mais de 50 universidades, 5 IF’s e 3 CEFET’s aderiram à paralisação, assim, o governo vem estudando meios de pôr um fim a um movimento que não parece recuar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já mostrou sua preocupação perante a esse caso quando, na segunda-feira (10), em uma reunião no Planalto com o Ministro da Educação, Camilo Santana, foi anunciado os investimentos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as federais que o abrange, o planejamento de custos de R$ 400 milhões para as instituições federais, 8 hospitais universitários e R$ 5,5 bilhões para a criação de 10 campis novos. Mas isso não foi o suficiente para pôr um fim a essa paralisação, que continua firme apesar das tentativas para a sua normalização.
A expectativa de quem espera
Devemos lembrar, é claro, que em meio a esses debates calorosos estão os alunos, que por muitas vezes se encontram desnorteados com o caminho que a greve está trilhando. Inicialmente, quando foi declarada, era notório que a desinformação chegou primeiro em muitos discentes, que mal sabiam os motivos dessa paralisação e com o decorrer dos meses, essas confusões se tornaram constantes e a busca pela informação, necessária.
Assim, buscamos o relato de uma aluna da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), que aderiu a greve, para termos a visão do lado estudantil que é interessado nessa negociação árdua. A entrevistada se chama Patricia Corrêa de Carvalho, graduanda do quarto período de Biblioteconomia.
Como você soube da greve?
Eu estava presente na votação do DCE sobre a greve estudantil e um professor me avisou sobre a votação dos docentes.
Qual foi o primeiro impacto que absorveu por causa dela?
O atraso do semestre e a incerteza de quando iremos retornar.
Já leu alguma fake news relacionada a essa paralisação?
Li uma postagem que afirmava que a greve era apenas pelo aumento de salário dos docentes, o que não procede.
Está acompanhando as atualizações relacionadas ao ato? Por quais meios?
Sim, através do DCE, do Comando de Greve e através do ANDES
Por fim, nos conte sua experiência como estudante vivendo esse momento conflituoso?
É complicado ficar nesse limbo de incertezas sobre quando poderemos voltar a estudar, porque nosso futuro está de certa forma congelado no tempo, mas entendo completamente e apoio a necessidade de um posicionamento tanto da parte dos professores quanto dos estudantes. As universidades, em especial as públicas, são a base para uma sociedade mais desenvolvida e não há como desenvolver absolutamente nada nas condições em que se encontram as universidades públicas federais. Nada vai mudar se não tomarmos alguma atitude.