Enfermeira Rejane, de sindicalista à deputada por respeito às mulheres
“Ao entrar aqui na Alerj é que a gente percebe esse mundo todo da questão das mulheres que não chegam no espaço de poder”. Enfermeira Rejane luta por representatividade das mulheres e da enfermagem
“Eu sei que eu não vou mudar o mundo, então você tem que fazer a sua parte.” Enfermeira Rejane desde seu período enquanto estudante de enfermagem, atuou na luta por direitos. Nesse período, de 1982 a 1986, ela lutou pela universidade pública, gratuita e de qualidade, enquanto estudante na Escola de Enfermagem Ana Nery, na UFRJ.
Em 1999, ela assumiu o Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, lutando pelo SUS e pelos direitos de profissionais da categoria. Em 2002, foi eleita presidente da entidade, foi diretora da Federação Nacional dos Enfermeiros e da CUT. Em 2008, foi nomeada presidente do Coren-RJ, Conselho Regional de Enfermagem. “Quem é sindicalista sabe assim, a gente tem que pedir muito para a gente avançar o que é possível. Então, eu sei que se eu conseguir pautar e avançar um pouquinho, já foi muito importante.”
A categoria de enfermagem sentia grande falta de representatividade nos espaços políticos, não tinha voz, durante muitos anos foi representada pelo quadro de uma mulher se calando, além das diversas violências sofridas por enfermeiras e enfermeiros, como assédio moral, inclusive assédio sexual, como Enfermeira Rejane afirma. Ela atualmente está em seu terceiro mandato como deputada estadual, sendo eleita a primeira vez em 2010, e reeleita em 2014 e 2018. “Aqui não é o meu emprego. Meu emprego eu me formei enfermeira”. Rejane entende que os espaços de representação não são empregos eternos.
Enfermeira Rejane participou da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Comissão de Saúde, atua em defesa da enfermagem, dos direitos da mulher e da população LGBTQIAPN+, e sabe da importância de estar nesse espaço de representatividade e dividi-lo com outras pessoas. A sua categoria é formada majoritariamente por mulheres negras, e a partir da sua atuação política, entendeu que a violência de gênero acontece com todas as mulheres, em todos os espaços.
“A gente sentiu a necessidade deter representação porque é uma categoria que sofre muito. A categoria que não tem voz, uma categoria que na sua formação durante anos, a característica dela era de um quadro mandando se calar. E fez com que a gente buscasse esses espaços de poder pra ter voz, pra falar o que acontecia no dia a dia da mulheres que sofriam ali”.
Campanha de Mulher
Esta entrevista faz parte da Campanha de Mulher, projeto autônomo de visibilidade para candidaturas feministas da ELLA – Rede Internacional de Feminismos.
A Campanha de Mulher é um trabalho informativo voltado ao interesse público, não configurando assim uma propaganda eleitoral. Reafirmamos nosso comprometimento com a defesa da democracia e com as pautas defendidas pelas candidaturas progressistas.
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