Enchentes e deslizamentos deixam mais de 35 mil famílias desabrigadas no Maranhão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Maranhão no último domingo (9)
As intensas chuvas que provocam deslizamentos e enchentes no Maranhão nas últimas semanas deixaram mais de 35 mil famílias desabrigadas em 64 municípios. A situação alarmante motivou as autoridades estaduais e federais a declararem estado de emergência. Até o momento, foram confirmados seis óbitos em decorrência das tempestades.
Em virtude dos prejuízos enfrentados por inúmeras famílias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Maranhão no último domingo (9) para sobrevoar algumas das áreas afetadas pelas enchentes, incluindo as cidades de Trizidela do Vale e Pedreiras.
Acompanhado pelo governador Carlos Brandão (PSB) e por uma comitiva federal, Lula visitou o alojamento da Paróquia Santa Terezinha em Bacabal, uma das localidades mais atingidas pelas enchentes, onde centenas de famílias estão abrigadas.
“O Governo Federal não faltará em nenhuma hipótese às necessidades de cuidar do povo desse estado, sobretudo das pessoas que estão ficando em situação muito desconfortável como as que estão com as casas alagadas”, disse o presidente em pronunciamento, após a visita em áreas atingidas.
Entenda, abaixo, a situação do Maranhão devido às chuvas:
Quantas cidades estão sendo afetadas pelas enchentes?
De acordo com a Defesa Civil do Maranhão, 64 cidades maranhenses estão em situação de emergência devido às fortes chuvas. Apenas uma delas, Buriticupu, cidade a 415 km de São Luís, está em situação de calamidade pública.
Isso acontece devido ao fenômeno das “voçoroças”, grandes crateras que geram abismos até 70 metros de largura e 500 metros de profundidade, que se agravaram devido às chuvas, e ameaçam “engolir” a cidade.
Deste número de cidades maranhenses afetadas, 53 foram reconhecidas pelo Governo Federal. Veja, no fim desta reportagem, a lista completa de cidades em situação de emergência.
O que leva um governo a decretar situação de emergência?
O poder público decreta situação de emergência para reconhecer, de forma legal, uma situação anormal provocada por desastres, que podem causar danos superáveis ou suportáveis pela comunidade que foi afetada.
Há estimativa de quantas pessoas estão afetadas?
O Governo do Maranhão estima que, até o domingo (9), 35 mil famílias foram afetadas pelos temporais. Deste número, 7.757 estão desabrigadas ou desalojadas.
O que provocou as enchentes nas cidades?
Muitos municípios maranhenses são cortados por importantes rios, responsáveis pelo abastecimento de água e sobrevivência de muitas famílias. Por isso, essas cidades tendem a ser mais sucessíveis a enchentes.
De acordo com o Governo do Estado, os meses de março e abril registram elevados índices pluviométricos especialmente na parte norte do estado e Baixada Maranhense, diante disto, o agravamento das cheias ocorreu especialmente a partir dos primeiros dias do mês de março.
Diversos rios que cortam o estado foram afetados, ficando com nível acima do normal, tais como os rios Mearim, Munim, Itapecuru, Grajaú, Maracu, Pindaré e o extravasamento dos lagos de Penalva, Cajari e Viana.
Por exemplo, o Rio Munim, um dos mais importantes do Maranhão, atravessa cerca de 30 cidades. Em Presidente Juscelino, cidade a 85 km de São Luís, o rio já está sete metros acima do nível normal.
O rio Mearim, que também está com o nível acima do normal devido às chuvas, passa por dentro de mais de 10 municípios.
Já o rio Pindaré, que é afluente do Mearim, tem mais de cinco municípios localizados às suas margens como é o caso de Alto Alegre do Pindaré, cidade a 219 km da capital, que está isolada e debaixo d’água devido a enchente. Ao todo, 450 famílias estão desabrigadas ou desalojadas.
Há risco de desabastecimento?
Sim. Devido a cheia que também toma conta de algumas rodovias do Maranhão, algumas cidades relataram dificuldades para abastecimento de mantimentos. Alto Alegre do Pindaré, uma das cidades mais afetadas, ficou sem combustível nos quatro postos da cidade e, alguns estabelecimentos comerciais, já estão ficando desabastecidos.
Isso aconteceu devido ao nível do rio Pindaré, que corta a cidade, e ficou sete metros acima do nível normal. A MA-119, rodovia que dá acesso à cidade, está completamente alagada.
O Governo do Maranhão informou que tem trabalhado para conseguir prover ajuda humanitária o mais rápido possível para as famílias atingidas.
Há cidades isoladas?
Sim. Alto Alegre do Pindaré está isolada já que a rodovia MA-119 que, dá acesso à cidade, está completamente alagada.
De acordo com o Governo do Estado, a Vale disponibilizou um trem para transporte de carga e passageiros, entre Alto Alegre do Pindaré e Santa Inês.
Desde quando o Estado vem sofrendo com as chuvas?
O Maranhão está dentro do período “chuvoso” nas cidades maranhenses, que é quando há maior incidência de chuvas e que ocorre entre os meses de janeiro à junho.
Os primeiros registros de estragos, causados pelo fenômeno, começaram a ser registrados ainda em fevereiro, mas a situação se agravou em março, com o aumento no volume de chuva, que deixou milhares de famílias desabrigadas.
Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), o estado possui dois períodos climáticos bem definidos, um chuvoso e outro seco. No norte do Estado (litoral), o período é de janeiro à junho, já na região sul, a situação ocorre, aproximadamente, entre os meses de outubro à março.
Quais são as cidades em situação de emergência no Maranhão?
Ceará: barragens particulares de pequeno e médio portes preocupam
Casos em que o rompimento de barragens provocam impactos significativos a populações de cidades como as cearenses Piquet Carneiro, em que moradores tiveram que ser evacuados do centro, na semana passada; e Farias Brito, que teve comércios, ruas e escolas alagadas, preocupam as autoridades.
Segundo o capitão Teixeira, da Defesa Civil do Ceará, o que mais exige atenção, atualmente, são as barragens de pequeno e médio portes e que são propriedade particular.
“Como a construção de barragens de pequeno e médio porte é uma prática cultural em nosso estado, há uma preocupação, nesse momento, com esse tipo de empreendimento. Vale salientar que a preocupação é com barragens particulares, que muitas vezes carecem de manutenção”, disse Teixeira à Agência Brasil.
Algumas prefeituras, destacou o capitão, já têm realizado ações para reduzir as probabilidades de haver desastres dessa natureza. “Em relação a Piquet Carneiro, o próprio município já vem trabalhando em algumas barragens”, disse o capitão, acrescentando que, na última segunda-feira (3), quando uma barragem cedeu e forçou a saída de pessoas da região central, uma equipe da Defesa Civil foi até a cidade para avaliar os riscos da estrutura.
*Com informações do G1 e Agência Brasil