Enchente no Rio Grande do Sul revela sítio arqueológico milenar
Apesar da importância histórica, as enchentes também causaram a destruição de muitos itens
A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, e que deixou milhares sem casas e mais de 180 mortes, revelou um sítio arqueológico em Dona Francisca, na Região Central do estado. Nas margens do Rio Jacuí, moradores e agricultores locais encontraram pedras lascadas de caçadores-coletores, que viveram há cerca de 10 mil anos, e cerâmicas do povo Guarani, datadas de 5 mil anos atrás.
Arqueólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) confirmaram a autenticidade dos artefatos, destacando a presença de urnas funerárias. “A cerâmica é multifuncional, utilizada para cocção, transporte e armazenamento de alimentos, além de rituais”, explicou o professor João Heitor Silva Macedo. As descobertas ajudam a revelar mais sobre a diversidade cultural dos povos pré-coloniais do Rio Grande do Sul.
Apesar da importância histórica, as enchentes também causaram a destruição de muitos itens. A área, de difícil acesso, exigiu o uso de caminhonetes para a exploração. “A mesma água que revelou os sítios também os destruiu. Muitos já foram levados pelas corredeiras do rio”, lamentou Macedo. O trabalho agora é de “salvamento emergencial” dos artefatos restantes.
A análise completa dos achados levará meses, mas há expectativas de que o sítio seja um dos maiores do estado, baseado em estudos anteriores realizados na década de 1960. A quantidade de itens encontrados deve aumentar conforme novas pistas são reveladas pelos moradores.