Pedro Luis Kurunczi, um empresário do ramo de engenharia, de Londrina (PR), e Marcelo Panho, de Foz do Iguaçu (PR), estão entre os financiadores

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Relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), enviados para a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Golpe, revelaram detalhes sobre os ataques golpistas que ocorreram em Brasília, em 8 de janeiro. 83 pessoas e 13 organizações foram identificadas como contratantes de 103 ônibus fretados com o objetivo de transportar 3.875 manifestantes para a capital do país. A grande maioria dos contratantes provém das regiões Sul e Sudeste, levantando a suspeita de que alguns possam ter sido utilizados como “laranjas” para ocultar os verdadeiros financiadores dessas caravanas.

Pedro Luis Kurunczi, um empresário do ramo de engenharia, de Londrina (PR), e Marcelo Panho, de Foz do Iguaçu (PR), estão entre os financiadores identificados. Ambos foram alvos da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, em fevereiro.

Além dos ônibus fretados, a Abin também identificou 272 caminhões que integraram comboios com destino a Brasília, sendo, em sua maioria, registrados nos estados de Mato Grosso, Goiás, Bahia e Paraná. O relatório revela que 132 desses caminhões estavam registrados em nome de empresas, sugerindo que grupos empresariais teriam financiado o acampamento no QG do Exército. Os outros 140 veículos estavam em nome de pessoas físicas, que eram sócios de empresas do setor agropecuário.

A agência também destacou que a maioria dos caminhões, nos comboios, eram novos ou seminovos. Aproximadamente, 65% dos veículos foram fabricados depois de 2019, o que pode indicar o envolvimento de grupos empresariais.

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As ações violentas, planejadas pelos manifestantes golpistas, também foram abordadas no relatório. A Abin alertou para o risco de atos de vandalismo, sabotagem e ataques a sistemas de controle industriais, como os de distribuição de energia, gás e gasolina. Houve, até mesmo, indícios de ameaças com a identificação de explosivos em locais públicos.

A intensificação da atuação de extremistas violentos de direita apontou a crescente radicalização de manifestantes que questionavam, sem fundamento, a validade do processo eleitoral. A agência enfatizou a disseminação de narrativas que incentivavam a violência e a veiculação de notícias falsas como fatores que aumentavam o risco de mobilização para ação extremista violenta.

O relatório também mencionou o mapeamento de presos e foragidos envolvidos nos ataques, assim como a identificação de um grupo extremista violento, em Brasília, que poderia ameaçar a posse do presidente Lula em 1º de janeiro.