Por  Lucas de Paula

Em um ano em que os direitos dos imigrantes são duramente atacados nos Estados Unidos, a Academia do Oscar optou por premiar seis filmes de países estrangeiros em diferentes categorias, deixando um claro lembrete — ou uma tentativa — de que, mesmo a passos lentos, busca uma maior diversidade de filmes que fujam do eixo hollywoodiano. Além do brasileiro Ainda Estou Aqui, que ganhou como Melhor Filme Internacional ao retratar a história da família Paiva em meio à ditadura militar, tivemos mais cinco obras, de diferentes lugares do mundo, que foram premiadas.

No Other Land

Dirigido por Basel Adra, Hamdan Ballal, Rachel Szor e Yuval Abraham, o filme palestino levou o prêmio de Melhor Documentário. Em um momento geopolítico bastante delicado, em que a Palestina vive sob o ataque genocida de Israel, o longa retrata não só a destruição de Masafer Yatta, lar de Basel, mas também a amizade com o jornalista Yuval e como isso reflete em sua luta.

In the Shadow of Cypress

Também produzido no Oriente Médio e concorrendo com Beautiful MenMagic CandiesWander to Wonder e Yuck!, o iraniano In the Shadow of Cypress venceu a categoria de Melhor Animação em Curta-Metragem. Dirigido por Shirin Soha e Hossein Molayemi, o curta acompanha o estresse pós-traumático de um ex-capitão que mora sozinho com a filha em uma ilha, abordando as dificuldades dessa relação geracional e como tudo isso muda com a chegada de uma baleia encalhada.

Flow

Diretamente da Europa Oriental, o incrível Flow levou o prêmio de Melhor Animação, sendo o primeiro Oscar da Letônia. Por lá, até uma estátua do personagem principal do filme já foi erguida. Explorando temas como amizade e diversidade, o longa narra a aventura de um gato que acorda em um mundo devastado pela água, precisando se adaptar aos companheiros que dividem um barquinho com ele.

I’m Not a Robot

“Você é um robô?” É com essa indagação que muitas vezes o código CAPTCHA aparece, pedindo para marcarmos as figurinhas corretas. E é a partir dessa premissa que I’m Not a Robot conquistou a Academia, vencendo o Oscar de Melhor Curta-Metragem. Dirigido por Victoria Warmerdam, o curta dos Países Baixos em parceria com a Bélgica reflete sobre o impacto da tecnologia na modernidade e provoca o espectador com as burocracias digitais.

Emilia Pérez

O polêmico Emilia Pérez, cercado de controvérsias, ganhou duas das 13 categorias nas quais estava concorrendo: Melhor Canção Original (com “El Mal”) e Melhor Atriz Coadjuvante (com Zoë Saldaña). O musical acompanha a história de Ria, que auxilia um chefe de cartel e passa a se redescobrir a partir disso. A produção, dirigida pelo francês Jacques Audiard, tem o México como pano de fundo, mas quase nenhum ator mexicano no elenco. Além disso, recebeu diversas críticas pela forma estereotipada como retratou o país.

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