O crime ambiental da cava subaquática de Cubatão, aberta em 2017, mudou o cenário e a vida de centenas de pescadores. Daniel Freitas, de 50 anos, ilustra a crise enfrentada pelos pescadores locais ao abandonar a pesca devido à poluição e ao domínio das empresas privadas na área. A cratera, com 400 metros de diâmetro e 25 metros de profundidade, foi utilizada para despejo de sedimentos contaminados, resultando em mau cheiro, poluição e escassez de peixes.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e o Ministério Público Federal (MPF) identificaram vários problemas na cava, incluindo aumento da profundidade, licença prévia vencida e operação sem autorização da União. Esses fatores, combinados com o prejuízo aos pescadores artesanais, motivaram uma nova ação civil pública em 2023, que visa responsabilizar as empresas envolvidas e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Pescadores como Maurício Santos e Anderson Firmino, em entrevista ao G1, relatam dificuldades adicionais, como a necessidade de buscar peixes e siris em locais mais distantes, aumentando custos operacionais. A mudança de rota e a redução das capturas forçaram muitos a abandonarem a pesca, agravando a crise econômica local.

As empresas responsáveis pela cava, Usiminas e VLI, defendem suas ações, alegando que todas as etapas do processo seguiram rigorosos padrões legais e ambientais. A Cetesb também mantém que o licenciamento foi realizado conforme a legislação, sem evidências de danos ambientais. No entanto, a comunidade local e os órgãos públicos contestam essas afirmações.

Enquanto a batalha legal continua, a comunidade de pescadores de Cubatão lida com os impactos ambientais e econômicos da cava subaquática.