A entrada da brisa marítima pode intensificar as precipitações, com potencial para rajadas de vento, trovoadas e alagamentos, alertou o Instituto de Meteorologia

Foto: Clima Ao Vivo/reprodução

Após mais um dia escaldante em São Paulo, com termômetros marcando 36,7ºC, a cidade registrou um temporal no início da noite desta quarta-feira. O Centro de Gerenciamento de Emergência (CGE) da Prefeitura decretou estado de emergência para alagamentos em todas as regiões às 19h02, enquanto bairros da Zona Norte, como Santana, enfrentaram falta de luz.

A Enel Distribuição São Paulo informou que rajadas de vento de até 55 km/h atingiram parte da área de concessão, interrompendo o fornecimento de energia para alguns clientes. Os mais afetados foram a região Norte e os municípios de Osasco, Santo André e Cotia. A Enel ainda não informou se conseguiu reestabelecer a energia em todos estes lugares.

Por volta das 19h30, o Corpo de Bombeiros já havia recebido 25 chamados para quedas de árvores e 4 para desabamentos. Áreas de instabilidade associadas ao calor, deslocando-se das regiões de Campinas e Jundiaí, provocaram chuvas na Zona Norte, atingindo bairros como Perus, Freguesia do Ó, Pirituba e Horto Florestal.

A entrada da brisa marítima pode intensificar as precipitações, com potencial para rajadas de vento, trovoadas e alagamentos, alertou o Instituto Nacional de Meteorologia. Moradores registraram chuvas intensas na região do Tucuruvi, enquanto um morador da Santa Cecília documentou uma árvore derrubada pela chuva.

A Defesa Civil emitiu alerta para fortes ventos em São Paulo entre sexta-feira (17) e domingo (19), com a possibilidade de temporais, granizo e rajadas de vento de até 100 km/h. No último dia 3, uma ventania com ventos de 103,6 km/h provocou mortes, quedas de árvores e apagões, deixando a cidade sem energia por uma semana.

Mudanças perigosas

O calor escaldante que está castigando o Rio de Janeiro e São Paulo nos últimos dias não é apenas uma nota de rodapé meteorológica; é um alerta inconfundível da natureza sobre os extremos climáticos que a humanidade está enfrentando. Mortes por calor extremo aumentarão quase 5 vezes até 2050, alerta estudo publicado na Lancet.

O calor excepcional que assola o Brasil é atribuído à quarta onda de calor deste ano, sendo intensificado por um El Niño atípico nos últimos meses e pelos efeitos do aquecimento global causados pelas emissões de gases de efeito estufa. Esse fenômeno, embora comum na aproximação do verão, alcançou proporções incomuns, impactando não apenas o Rio de Janeiro, mas várias regiões do país.

Estudo da Lancet adverte para um futuro intolerável

Em meio a esses picos de calor, um estudo perturbador da Lancet, conduzido por mais de 100 especialistas de 52 instituições de pesquisas e agências da ONU, revela que as mortes relacionadas ao calor podem quase quintuplicar nas próximas décadas. Publicado nesta quarta-feira (15), o estudo alerta que, em um cenário de aumento médio da temperatura de 2ºC até o final do século, as mortes vinculadas ao calor podem aumentar em 4,7 vezes até 2050.

A população com mais de 65 anos está sendo duramente atingida, com um aumento alarmante de 85% nas mortes relacionadas ao calor na última década.

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um alerta de “grande perigo” devido às altas temperaturas em 15 estados e no Distrito Federal, válido até sexta-feira (17). A população é orientada a adotar medidas preventivas, como a ingestão constante de líquidos e evitar exposição direta ao sol durante os horários de pico de calor.

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