Em imagens: Brasil reúne milhões nas ruas contra a PEC da bandidagem e anistia

Por Bianca Rocha para a Cobertura Colaborativa do dia 21/09

No último domingo (21), manifestantes lotaram conta das ruas de diversas cidades brasileiras. Convocados por frentes democráticas, centrais sindicais e entidades estudantis, os protestos contra a chamada PEC da Blindagem, que busca restringir a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), e contra propostas de anistia a condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro, ocuparam ruas e praças em todas as regiões do país.

A Mídia NINJA realizou uma ampla cobertura colaborativa por todo o país, captando imagens desse dia histórico.

Em São Paulo, a Avenida Paulista reuniu uma das maiores mobilizações. Segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, vinculada à USP, cerca de 42,4 mil pessoas participaram do ato no ponto de maior concentração, o número superou o que foi registrado no protesto bolsonarista de 7 de setembro de 2021.

Fotos de São Paulo: Monica Galvão, Yamini Benites, Bruno Minnemann, Ory, William Galvão, Yas de Carvalho, Teka Powaczuk, Lucas Martins, Ingrid Pacheco, Junior Lima, Alimac Barbosa, Fernando Daltin, Larissa Ramalho, Matheus Machado, Guto, Gabriela Maciel, Tamires, Elineudo Meira, Patricia Zupo, Mary Machado, Mari Dricci e Giulia Tosi

No Rio de Janeiro, o Monitor do Debate Político do CEBRAP e a ONG More in Common apontaram cerca de 41,8 mil pessoas. Já em Brasília, manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios desde as primeiras horas da manhã.

Fotos do Rio de Janeiro: Tatiana Chain, Fabricio Souza, Evelyn Lee, Alex Fravoline, Lilly, Thiago, Juliana Bizzo, Zion, Karen Monteiro, Josi Areia, Teresa Badopi, Thamires Violante, Thiago Nunes, Sthefanny Rosa, Fabricio Sousa, Paula Consenza, Scarlet Rocha, Café de Aeroporto, Glauber Barros

Fotos Brasília: Polliana Lino, Karla Brunet, Ana Pessoa/Mídia NINJA

Apesar da chuva, os manifestantes permaneceram na Paulista até a noite, levantando bandeiras e faixas contra a impunidade. Uma bandeira gigante do Brasil foi estendida como símbolo da resistência democrática, em contraponto à usada por apoiadores de Jair Bolsonaro, que exibiram também uma bandeira, mas dos Estados Unidos.

O ato em São Paulo contou com artistas e lideranças políticas. O cantor Jota Pê, o músico João Suplicy e representantes de movimentos culturais se apresentaram, enquanto lideranças da oposição discursaram contra a anistia. A mobilização, porém, registrou um episódio de tensão, quando o deputado estadual, Douglas Garcia, do Republicanos, fez aparição polêmica em meio a manifestação contra a PEC da Blindagem e contra a Anistia do 8 de Janeiro, na Avenida Paulista.

No Rio de Janeiro, o ponto de encontro foi a orla de Copacabana, onde personalidades como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Djavan subiram em trios elétricos para denunciar os riscos da PEC e da anistia.

Em Salvador, a cantora Daniela Mercury puxou um trio elétrico com o ator Wagner Moura no centro histórico, ressaltando a defesa da democracia. Outras capitais, como Belém, Cuiabá, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Maceió e Aracaju registraram grandes concentrações, com muita música, cores, cartazes e cantos de “Sem anistia”.

Celebridades como Débora Bloch, Marco Nanini, Alessandra Negrini, Mateus Solano, Marina Sena, Nando Reis e entre outros artistas também marcaram presença nos atos. A Polícia Militar reforçou a segurança nas principais capitais e afirmou que os protestos, em sua maioria, transcorreram de forma pacífica.

Apesar das capitais e grandes cidades chamarem mais atenção, o interior também se mobilizou com força. Cidades como Bauru, Santa Bárbara d’ Oeste, Santos e São José do Rio Preto, em São Paulo, colocaram milhares nas ruas. O interior de Minas Gerais e da Bahia também se organizou para comparecer a este dia histórico.

Contexto político

A pressão das ruas ocorre em meio ao avanço de propostas polêmicas no Congresso. A PEC da Blindagem, que limita o poder do STF, ainda não tem urgência definida, mas o PL da Anistia já ganhou relator na Câmara, o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que estuda reformular o texto para reduzir penas de condenados pelos atos golpistas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou ontem que vetará qualquer tentativa de anistia caso o projeto avance: “Não há democracia sem responsabilização”, afirmou. Sobre a PEC da Blindagem, Lula disse que “não é algo sério”, embora reconheça que parte da sua base no Congresso tem sinalizado apoio à medida.

Especialistas ouvidos pela imprensa afirmam que os atos deste domingo podem marcar um divisor de águas. As mobilizações, que tiveram ampla cobertura nacional e internacional, devem pressionar o Congresso nesta semana, quando está prevista a retomada da discussão sobre o PL da Anistia na Câmara.

Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e deputada federal, Gleisi Hoffmann, em suas redes sociais diz que o presidente Lula está acompanhando as manifestações. Lula acabou de desembarcar em Nova York para acompanhar a Assembleia Geral da ONU.

Mais tarde, Lula se pronunciou em suas redes sociais em apoio e escreveu que o Congresso deve se concentrar em medidas que tragam benefícios à população brasileira.

Visão Internacional

Alguns veículos de comunicação da imprensa internacional repercutiram os protestos que tomaram as ruas do Brasil neste domingo. A AP News destacou que os atos ocorreram em todos os 26 estados e no DF, com forte participação de artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Wagner Moura, entre outros, que denunciaram o risco de impunidade.

Já o The Guardian ressaltou a dimensão pró-democracia das manifestações, chamando atenção para as multidões em Copacabana e para a rejeição popular às tentativas de aliviar a condenação de Bolsonaro, que já soma 27 anos de prisão por tentar um golpe de Estado.

Outras mídias como a Reuters, CBS News, France 24, The Washington Post, The Times of India, e o Al Jazeera, grupo de mídia do Catar, também repercutiram os atos, destacando a mobilização massiva e o impacto internacional dos protestos.

O veículo espanhol, El País, citou que ressaltou que os protestos criticaram projetos para restringir investigações contra parlamentares e que muitos manifestantes usaram a bandeira nacional como símbolo de retomada das cores do país, antes associadas à extrema-direita.

Também houve atos de brasileiros em frente à embaixada do Brasil em Berlim, na Alemanha e manifestações também em Londres na Inglaterra.