Em Glasgow, governadores ocupam o vácuo deixado por Bolsonaro
Ele acredita que o Brasil pode zerar o desmatamento até 2030, mas só, se houver compromisso político
Bruna Obadowski, para a cobertura NINJA na COP26
Governadores que estão em Glasgow ocupam vácuo deixado por Jair Bolsonaro, que achou que era “estratégico” não participar da 26ª Conferência Mundial sobre o Clima. Eles tentam melhorar a imagem negativa do Brasil, por conta do desmonte de políticas ambientais e assim, a atuação do governo é alvo de constantes críticas do grupo que participa da COP26.
Em entrevista à equipe da MÍDIA NINJA, que está em Glasgow, o governador do Espírito Santo e atual presidente do Consórcio Brasil Verde, Renato Casagrande (PSB) cobrou ações efetivas do governo Bolsonaro em relação às políticas públicas ambientais no Brasil. Ele, que apresentou o Consórcio Verde na COP26, reforçou a necessidade de pressionar o governo para que cumpra com as metas anunciadas.
“Com o negacionismo, o Brasil foi pressionado a assumir o compromisso, mas deverá haver pressão para o cumprimento de tais metas”, reforçou ele ao rememorar o anúncio da comitiva brasileira nada satisfatória para os líderes mundiais e ambientais que também acompanham a COP26. No acordo, o Brasil assumiu novamente o compromisso de zerar o desmatamento ilegal entre 2022 e 2028, após abandonar o acordo de Paris firmado em 2015.
“Eu ajudei na construção de uma proposta que a sociedade civil está debatendo na Conferência, que a gente possa ser mais audacioso, o Brasil zerar o desmatamento até 2030, que com certeza se tiver decisão política, consegue”, disse.
Com a missão de apresentar a Coalizão de Governadores pelo Clima (CGC)/Consórcio Brasil Verde, outros nove governadores brasileiros participam da conferência na Escócia. No total, o Consórcio reúne 22 governadores.
Sobre as metas do consórcio, ele destacou a importância para os estados e nas articulações internacionais. “Primeira tarefa do consórcio é trabalhar para dentro dos nossos estados. Se queremos trabalhar para fora, temos que ter credibilidade para ter voz reconhecida. Segundo, é ajudar o Brasil a alcançar suas metas. A outra é articulação nacional e internacional. É mais uma voz do Brasil, o consórcio tem esse papel, de ajudar nesse debate internacional e nacional”, relatou.
Sobre as políticas públicas ambientais no estado que governa atualmente, ele ressaltou que já existem projetos em curso para minimizar os danos das mudanças climáticas que assolam a população capixaba, como é o caso das inundações.
Outro projeto mencionado por ele, é o “Reflorestar”, uma iniciativa do Governo do Estado do Espírito Santo que visa promover a restauração do ciclo hidrológico por meio da conservação e recuperação da cobertura florestal, com geração de oportunidades e renda para o produtor rural, estimulando a adoção de práticas de uso sustentável dos solos. A meta é a recuperação de 80 mil hectares até 2018 por meio de ações de restauração e conservação da vegetação nativa, desmatamento evitado e arranjos florestais de uso sustentável.
Para Casagrande, é fundamental que haja participação de outras entidades no debate internacional, bem como na construção de uma oposição ao negacionismo do governo federal que, cada dia mais, segue afastado das questões ambientais no Brasil.
A @MidiaNinja e a @CasaNinjaAmazonia realizam cobertura especial da COP26. Acompanhe a tag #ninjanacop nas redes!