Em busca da estrela: os quatro anos de Pia e os caminhos que levam o Brasil para a Copa do Mundo 2023
Veja como foi o ciclo da treinadora Pia Sundhage pela Seleção Brasileira, desde que assumiu o cargo, em 2019. Confira como foi a evolução brasileira e os caminhos para a conquista do inédito mundial
Por Patrick Simão / Além Da Arena
O ciclo para a Copa do Mundo de 2023 foi o primeiro da Seleção Brasileira após duas décadas sem a histórica geração de Marta, que se lesionou entre 2022, Formiga, que se aposentou após 2022, e Cristiane, que não foi convocada. Em contrapartida, há uma geração com novas bases e referências, que começou a ser construída há exatos 4 anos.
Após a eliminação para a França na Copa de 2019, o Brasil iniciou um novo trabalho, com Pia Sundhage. A experiente treinadora sueca conquistou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas, pelos Estados Unidos, e foi vice da Copa de 2011. Treinando a Suécia, levou seu país à prata Olímpica em 2016.
O trabalho, que construiu uma nova base para a Seleção, alternou entre altos e baixos, se estabilizando com bons resultados nos últimos meses. Ao todo, foram 53 jogos, com 32 vitórias, 12 empates e 9 derrotas, além de um saldo de 122 gols marcados e 39 sofridos. Para além dos números, é preciso analisar o desempenho brasileiro contra as equipes mais fortes.
Em 2019, a Seleção, ainda com boa base do ciclo anterior, teve como principal resultado uma vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra. Em 2020 foram apenas 5 jogos, devido à pandemia, com derrota para a França, empate com Canadá e Holanda (vice-campeã mundial um ano antes) e duas goleadas aplicadas sobre o Equador.
Em 2021, com o retorno de um calendário mais completo e as Olimpíadas, havia a expectativa de uma maior evolução e consolidação do novo grupo, mas o padrão tático e de resultados se manteve. No começo do ano, o Brasil perdeu para os Estados Unidos e venceu o Canadá. Nas Olimpíadas, empatou com a Holanda em 3 a 3 e caiu para o Canadá, que seria campeão, após 0 a 0 e derrota nos pênaltis.
No pós-Olimpíadas, o Brasil acumulou uma derrota e um empate contra a Austrália, e venceu apenas rivais sul-americanos no 2° semestre. Aqui, é importante considerar a histórica superioridade brasileira sobre os rivais continentais, tendo vencido 8 das 9 Copas América já realizadas.
A análise de 2022 precisa ser separada em três períodos, que mostram uma ascendente no desempenho brasileiro. A temporada começou com dificuldades, especialmente na criação de jogadas e domínio do jogo: em 4 meses, foram 7 jogos contra europeus, com 1 vitória, 3 empates e 3 derrotas.
Na Copa América, o Brasil manteve sua superioridade, onde foi campeão sem sofrer gols e conquistou goleadas em 4 dos 6 jogos. Para além do título, este período de maior treinamento e entrosamento do time provocou as evoluções que eram esperadas nos últimos dois anos.
A partir deste momento, o Brasil conquistou seus melhores resultados do ciclo. No fim de 2022, a Seleção venceu duas vezes a África do Sul, goleou a Noruega por 4 a 1, venceu a Itália por 1 a 0 e acumulou um triunfo e um revés diante do Canadá.
Por fim, em 2023, foram 6 jogos, que ajudam a posicionar bem o Brasil para o Mundial. Na She Believes Cup, a Seleção venceu o Japão por 1 a 0, porém teve dificuldades em controlar o jogo especialmente contra o Canadá, sendo derrotado por 2 a 0, e contra os Estados Unidos, onde sofreu 2 a 1.
Em abril, o Brasil fez jogo bastante equilibrado contra a Inglaterra na Finalíssima, empatando em 1 a 1, marcando o gol no último minuto. O Brasil perdeu nos pênaltis, mas dias depois conquistou importante vitória sobre a Alemanha, por 2 a 1. O ciclo foi finalizado com goleada por 4 a 0 sobre o Chile.
É importante elogiar o planejamento brasileiro na escolha de adversários, constantemente enfrentando fortes rivais, o que tende a gerar uma importante experiência nos momentos decisivos da Copa.
Debinha é a principal referência e artilheira da Seleção nos últimos 4 anos. Hoje, o Brasil trabalha melhor a saída de bola, construindo melhor para o ataque. Essa é uma evolução determinante para a melhora nos resultados. As zagueiras Kathellen e Rafaelle são muito importante nesse processo.
Nas laterais, o time tem o apoio de Antônia e Tamires. O meio tem a Ary Borges bastante presente nesse processo de evolução da equipe. Ela deve ter companhia de Luana, Rafaelle e Tamires na construção. Andressa Alves e Duda Sampaio também surgem como opções.
O ataque tem Geyse, vinda de título na Champions League, em crescimento e gerando várias opções de movimentação no ataque. Bia Zaneratto também é alternativa para o ataque, dando boas opções à Pia. No gol, Letícia assumiu a posição após grandes atuações e lesão de Lorena.
Por fim, Marta, que retornou de grave lesão ligamentar no joelho, ganha ritmo de jogo e pode se desgastar menos como armadora de jogadas: com talento inquestionável para essa função e com a companhia de outras meio-campistas para buscar o jogo.
Agora, nos resta aguardar a participação brasileira na Copa, e torcer muito. A tendência é de uma base cada vez melhor trabalhada, com melhor estrutura e investimento nos próximos ciclos. O Brasil estreia nesta segunda-feira (24/07) contra Panamá, às 8 horas. Dia 29/07, enfrenta a França, e finaliza a primeira fase diante da Jamaica, dia 02/08.