Elvira Vigna: relembre a história da romancista, ilustradora, tradutora e jornalista
Conheça a trajetória da autora que deu vida à histórias cirúrgicas sobre mulheres e conquistou diferentes públicos com sua escrita.
Por Ana Carolina Menaguali
Elvira Vigna, um dos grandes nomes da literatura brasileira, foi responsável por publicar obras que provocam reflexões sobre as jornadas de trabalho da mulher, as regras de comportamento da sociedade patriarcal, o desejo feminino e a dificuldade de comunicação entre homens e mulheres.
A romancista carioca publicou seu primeiro livro para adultos em 1988, quando já havia conquistado uma próspera carreira como autora de livros infantojuvenis, que lhe garantiram dois prêmios Jabuti: um na categoria Livro Infantil, em 1980, e outro na categoria Ilustração, em 2013.
A autora revelou que começou sua carreira como ilustradora e escritora para crianças com o objetivo de criar um vínculo e facilitar sua comunicação com seus filhos. Por isso, conta com 12 publicações dentro desse mercado e suas produções não pararam, mesmo depois de publicar seus romances.
Além disso, trabalhou como jornalista em veículos famosos como Correio da Manhã, Jornal do Brasil, O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo. Assim, conduziu sua trajetória profissional para diferentes âmbitos, conquistando o público. Também foi fundadora de duas editoras e uma revista, a editora Bonde (MAIS) e a revista de literatura marginal A Pomba. Ambas se mantiveram no mercado por 5 anos. A editora A Uva Limão, criada em 2016 e focada em textos acadêmicos, também estava ligada à Elvira, como um negócio familiar.
Elvira Vigna foi vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Romance, com o livro “Como se estivéssemos em palimpsesto de putas”. O romance aborda um drama sobre traição, objetificação da mulher e sobre a vida das trabalhadoras do sexo, traçando um narrativa que explora os sonhos fracassados, as segundas, terceiras, quartas opções. Também já recebeu diversos outros prêmios, como o Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 1998, por seu romance “Às Seis em Ponto”, e o Prêmio de Ficção da Academia Brasileira de Letras em 2010, por seu sétimo romance, “Nada a Dizer”.
Diagnosticada em 2012, a escritora decidiu não divulgar sua condição de saúde ao público, falecendo cinco anos depois. Optando pelo sigilo de sua condição médica, ela conseguiu manter sua rotina profissional. Em sua nota de falecimento, foram anunciados outros três livros póstumos, que estariam prontos para serem publicados.
Elvira Vigna é uma das representações da potência da literatura brasileira, que ao transacionar entre as diferentes áreas da escrita, encontrou fiéis fãs e consolidou sua carreira com suas obras intrínsecas.