‘Eles sabiam que estava desarmado’: PMs viram reús por assassinato em operação de Tarcísio
Entidades de direitos humanos denunciaram o governador Tarcísio de Freitas à Organização das Nações Unidas (ONU) devido à escalada da violência policial
Os policiais da Rota Rafael Trogillo e Rubem Santos agora são réus pela morte de Jefferson Junio Ramos Diogo, de 34 anos. Eles mentiram e simularam que Jefferson estava armado. O assassinato aconteceu durante a Operação Escudo, em julho de 2023, na Baixada Santista. Jefferson, que estava em situação de rua, foi alvejado por múltiplos disparos.
Os PMs alegaram que Jefferson apontou uma arma para eles, justificando assim os disparos. Contudo, o Ministério Público (MP) afirma que Jefferson estava desarmado e que os policiais sabiam disso. Para encobrir o crime, os agentes teriam simulado diálogos e gestos relacionados à apreensão de uma arma junto ao corpo de Jefferson.
O caso ocorre em meio a um contexto de aumento da violência policial na região da Baixada Santista. A Operação Escudo, realizada entre julho e setembro de 2023, resultou na morte de 28 pessoas. Já a Operação Verão, em 2024, culminou em 56 mortes durante seu período de vigência, entre 3 de fevereiro e 1º de abril.
As operações policiais na Baixada Santista levaram a um aumento significativo no número de mortes cometidas por policiais, com um crescimento de 86% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao ano anterior.
Entidades de direitos humanos denunciaram o governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, à Organização das Nações Unidas (ONU) devido à escalada da violência policial na região. Um relatório do Ministério Público aponta que mortes por intervenção policial aumentaram 94% no estado.
A decisão judicial também determinou o afastamento dos PMs das atividades operacionais, passando a desempenhar funções administrativas enquanto respondem à acusação.