O primeiro turno das eleições municipais deste domingo (6) marcou um aumento no número de prefeitos indígenas eleitos. Nove candidatos que se autodeclararam indígenas venceram as disputas municipais, superando os números das eleições de 2020, que tiveram oito eleitos, e de 2016, com seis. Apesar do acréscimo, o número ainda está longe de refletir a proporção de indígenas na população brasileira, que é de 0,83%, de acordo com o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os novos prefeitos indígenas são, em sua maioria, homens, e se distribuem politicamente de forma equilibrada entre os partidos de esquerda, direita e centro. No entanto, apenas uma mulher indígena foi eleita, e não há candidatos indígenas concorrendo no segundo turno das eleições. A representatividade do grupo nas prefeituras ainda é baixa, mantendo-se próxima de 0,1% dos cargos de prefeito, como nas eleições anteriores.

Um dos destaques das eleições de 2024 foi a cidade de Uiramutã, em Roraima, a cidade mais indígena do Brasil. O prefeito Tuxaua Benísio (Rede), pertencente ao povo macuxi e liderança da Comunidade Indígena Pedra Branca na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, foi reeleito com 59,66% dos votos, derrotando Professor Abraão (PDT), que obteve 40,34%. A candidatura de Benísio é fruto de um encontro de lideranças indígenas locais, em um modelo de articulação política apelidado de “política do malocão”.

Entre as capitais brasileiras, apenas Vitória (ES) contou com um candidato indígena à prefeitura. O guarani Assumção (PL), capitão de reserva da Polícia Militar, recebeu 9,5% dos votos. O pleito foi vencido pelo atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que se reelegeu no primeiro turno com 56% dos votos.

Os dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) revelam um aumento de 14% nas candidaturas indígenas em 2024, com destaque para Roraima, que concentra 7% dessas candidaturas. Além disso, os candidatos indígenas puderam declarar seu pertencimento étnico de forma opcional neste ano, resultando em 170 etnias representadas, de um total de 266 povos identificados pelo IBGE.

Embora haja uma tímida evolução na representatividade indígena no cenário político municipal, os números mostram que o caminho para uma representação mais equitativa ainda é longo.