
Eleições no Equador: Em meio à polarização, a correísta Luiza González pode ser a primeira presidenta do país
Gónzales enfrenta o atual presidente de direita, Daniel Noboa, no segundo turno. O apoio indígena ao correísmo é um fator chave para o resultado
As principais pesquisas apontam a correísta Luisa González como favorita para vencer o segundo turno das eleições presidenciais neste domingo, com vantagem que varia entre 2 e 6 pontos percentuais sobre o atual presidente, Daniel Noboa. No entanto, o cenário é marcado por um “empate técnico”,devido à extrema polarização e ao alto número de eleitores indecisos, um fator que, nas últimas eleições, mostrou-se decisivo em momentos finais.
O fator indígena: um apoio crucial para González
Nas últimas semanas, a candidata correísta conquistou um apoio fundamental: o movimento indígena Pachakutik, cujo líder, Leonidas Iza, obteve cerca de 500 mil votos no primeiro turno. Esse alinhamento fortalece sua base em províncias rurais e comunidades indígenas, tradicionalmente críticas ao governo de Noboa. González prometeu incluir demandas históricas desse setor, como reforma agrária e proteção de territórios ancestrais, em seu plano de governo.
“O apoio de Pachakutik não é simbólico – é um divisor de águas. Os indígenas são um ator político que já definiu eleições no passado”, analisa a cientista política María Fernanda López.
A fratura política: correísmo vs. anticorreísmo (e os desesperançados)
O primeiro turno refletiu a divisão profunda no país: Noboa e González somaram 88% dos votos, com diferença mínima (4,52 milhões contra 4,51 milhões). Mas há um terceiro grupo em jogo: os desiludidos com a crise econômica e a violência, que hoje atingiu níveis históricos (1.529 homicídios só em janeiro/fevereiro de 2025).
“O eleitor não escolhe o melhor, mas o ‘menos pior’. E para muitos indígenas e jovens, González parece a única alternativa a um governo que não freou a crise”, explica o sociólogo Decio Machado.
González (apoiada por indígenas e setores progressistas) propõe empregos massivos, controle estatal de fronteiras e políticas sociais inspiradas no governo Correa (2007-2017). Noboa, liberal-conservador, mantém o discurso de “mão dura” contra o crime e defende a dolarização, mas sem apresentar resultados concretos.
A última hora: o voto indeciso decide
Pesquisa da 3PuntoZero (divulgada horas antes da votação) dá 52,9% a González contra 47,1% de Noboa. O grande desafio é capturar os 12% que votaram em outras candidaturas no primeiro turno – especialmente o eleitorado urbano e jovem, ainda dividido.
Com o apoio indígena somado à base tradicional correísta, González tem vento a favor – mas em um país tão dividido, até a última urna pode surpreender.