A aliança progressista entre o Partido Democrático (PD) e o Movimento Cinco Estrelas, principais forças de oposição ao Governo de direita liderado por Giorgia Meloni, venceu as eleições autárquicas parciais realizadas este fim de semana na Itália, nas quais a abstenção foi a principal protagonista: menos da metade dos eleitores votaram.

De Florença a Bari, de Campobasso a Perugia, é irrevogável. As cidades rejeitaram o direito governante e enviaram uma mensagem clara a Giorgia Meloni: não aos cortes na Saúde, não aos baixos salários, não à autonomia diferenciada”, disse a líder do PD, Elly Schlein.

Cerca de 17 milhões de italianos foram chamados às urnas este domingo e segunda-feira na segunda volta das eleições autárquicas, realizadas nos dias 8 e 9 de junho, para renovar 3.700 câmaras municipais e o governo regional do Piemonte, no norte do país. O segundo turno foi realizado exclusivamente em cidades com mais de 15 mil habitantes onde nenhum dos candidatos obteve maioria absoluta. Foi o caso de nove províncias e cinco capitais regionais: Florença, Bari, Perugia, Potenza e Campobasso.

A centro-esquerda prevaleceu em todas as capitais regionais.

Um dos casos mais interessantes foi precisamente o de Florença (centro da Itália), onde a candidata de centro-esquerda Sara Funaro derrotou o direitista Eike Schmidt com 60,6% dos votos contra 39,4% de Schmidt. Funaro tornou-se assim não apenas a prefeita de uma das cidades mais famosas da Itália a nível cultural, mas também a primeira mulher prefeita na história de Florença. “Estou muito emocionada, digo com sinceridade”, declarou Funaro à imprensa. “Quero dedicar esta vitória ao meu avô, Piero Bargellini, ex-prefeito de Florença quando ocorreu a tremenda enchente de 1966 que invadiu a cidade. Ele sempre me disse que havia feito tantas declarações de amor a Florença que deveria se casar com ela. Gostaria de poder dizer a ele: ‘Hoje, avô, vou me casar com ela’. “Farei todos os esforços necessários para Florença.”, afirmou.

A vitória da centro-esquerda estendeu-se a Cremona, enquanto a direita venceu em Rovigo, Lecce e Vercelli. A derrota dos conservadores é especialmente dolorosa em Perugia, um feudo histórico da esquerda onde conseguiram prevalecer há dez anos, mas que regressou às mãos dos progressistas.