O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que são amigos, ainda não tem data marcada e ocorrerá no Tribunal do Júri

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O Ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou hoje (24) um importante avanço nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido há cinco anos no Rio de Janeiro. Élcio de Queiroz, ex-policial militar, confessou em delação premiada sua participação nos homicídios, bem como na tentativa de assassinato da assessora Fernanda Chaves.

 

Além de admitir sua própria participação, Queiroz implicou Ronnie Lessa, outro policial militar já preso e acusado pelos assassinatos. A delação também apontou a participação de Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, um ex-bombeiro que foi preso pela Polícia Federal hoje.

“Já poderia adiantar que ele  (Suel) participou de ações de vigilância e acompanhamento da ex-vereadora e apoio logístico com os demais [participantes] de toda essa cadeia criminosa. Ele teve papel importante neste contexto inteiro. Antes e depois [do crime]”, afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

De acordo com as investigações, Suel já havia sido condenado em 2021 por obstrução das apurações e cumpria pena em regime aberto. Entretanto, novas evidências o ligaram diretamente aos assassinatos.

A delação de Queiroz foi homologada pela Justiça após ter sido realizada cerca de “15, 20 dias” atrás, segundo Flávio Dino. No depoimento, ele admitiu ter dirigido o veículo utilizado na perseguição a Marielle Franco, enquanto Ronnie Lessa estava dentro do carro e efetuou os disparos contra as vítimas.

Apesar de receber benefícios do acordo de delação premiada, Queiroz permanecerá preso em regime fechado, afirmou o Ministro da Justiça.

Flávio Dino ressaltou que outras pessoas estão envolvidas nos assassinatos, e a prisão de Maxwell Corrêa representa um avanço na investigação da execução dos crimes. Contudo, as apurações sobre os mandantes ainda estão em andamento.

“Os fatos até agora revelados e as novas provas colhidas indicam isto, que há forte vinculação desses homicídios, especialmente o da vereadora Marielle, com atuação das milícias e do crime organizado no Rio de Janeiro. Isto é indiscutível. Até onde vai isso? As novas etapas vão revelar”, afirmou o ministro da Justiça.

A operação Élpis, realizada em conjunto pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, cumpriu sete mandados de busca e apreensão no Grande Rio, em busca de mais provas relacionadas ao caso.

O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que são amigos, ainda não tem data marcada e ocorrerá no Tribunal do Júri. O caso, que permanecia sem esclarecimentos sobre os mandantes e a motivação da execução, pode agora avançar com base nas novas informações obtidas por meio da delação premiada de Élcio de Queiroz.