Eduardo Leite manda PM expulsar famílias que perderam casas nas enchentes
Ação policial levanta questões sobre a crise de moradia e a resposta das autoridades
Na tarde deste domingo (16), a Polícia Militar do Rio Grande do Sul, sob responsabilidade do governador Eduardo Leite, removeu cerca de 200 desabrigados que ocupavam um prédio público abandonado há mais de dez anos no centro histórico de Porto Alegre. As famílias haviam perdido suas casas nas recentes enchentes no estado e buscavam refúgio no edifício desde o sábado (15).
Durante a ação, testemunhas relataram que os policiais usaram gás de pimenta contra os ocupantes. Shirley Diones Pinheiro, costureira de 40 anos, estava com seus três filhos no segundo andar e relatou que as crianças foram atingidas pelo gás, causando irritação nos olhos e dificuldades respiratórias. A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
A vereadora Abigail Pereira (PCdoB), que apoiava a ocupação, registrou um boletim de ocorrência acusando a Polícia Militar de agressão. Em resposta, a PM afirmou que havia risco de desabamento das marquises e que a desocupação foi negociada previamente.
No entanto, a advogada Clarice Zanini, que estava no local, contestou essa versão, acusando a PM de não seguir os protocolos e de cometer abuso de autoridade.
Após a desocupação, os ocupantes foram levados ao Palácio da Polícia, onde assinaram um termo circunstanciado e foram liberados. A ação policial levanta questões sobre a crise de moradia e a resposta das autoridades diante da situação dos desabrigados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.