Publicações para o público LGBTQIAP+ se mostraram um fenômeno de vendas na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece até domingo (10), no Expo Center Norte.

Tati Machado e Cínthia Zagatto são umas das poucas expositoras da Bienal do segmento LGBTQIPA+. Foto: Mídia NINJA

Por Mauro Utida

Pelos corredores do Expo Center Norte, a nova casa da Bienal do Livro de São Paulo, o orgulho LGBTQI+ é visível, com o público carregando todas as suas cores. A Bienal parece ter compreendido este fenômeno e incluiu na programação diversas mesas para um bate-papo com autores sobre o tema.

Um dos grandes exemplos de sucesso de vendas do gênero é do escritor nordestino Pedro Rhuas, autor do livro “Enquanto eu não te encontro”, uma comédia romântica LGBTQIAP+ que celebra o Rio Grande do Norte e coloca um protagonista nordestino ocupando um espaço dentro da literatura. O livro já é um dos mais vendidos no estande da Bienal e nesta quinta-feira (7) o autor recebeu uma placa da editora Seguinte pela venda de 50 mil exemplares da obra.

“É muito importante estamos ocupando esse espaço para celebrar essas existências e mostrar que estamos aqui para mudar essa realidade e abraçar tantas identidades que não costumavam ser abraçadas antes na Bienal”, disse o escritor.

 

 

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Apesar da visível participação do público LGBTQIAP+ na Bienal, o caso de transfobia com a criadora de conteúdo travesti Luisa Marilac incomodou e gerou muita discussão nas redes sociais. Marilac é autora do livro “Eu Travesti, Memórias de Luisa Marilac” e foi importunada por um grupo de visitantes quando caminhava com a amiga Monique Andrade pelo evento.

A organização da Bienal do Livro de São Paulo se manifestou e informou que se solidariza de forma irrestrita e incontestável com o ocorrido. “A Bienal do Livro é um evento de pluralidade, diversidade e respeito a todos, que recebe um público sempre eclético.
Temos como princípio a garantia da diversidade e inclusão, isso se reflete em programação, em nossos espaços culturais e na oferta dos títulos de nossos expositores”, informou em nota.

Editoras em expansão

A editora Euphoria levou diversos títulos para a feira de livros. Foto: Mídia NINJA

As editoras cariocas, Euphoria e Se Liga Editorial, são pioneiras no segmento LGBTQIAP+ e estão entre os 182 expositores da Bienal deste ano.

A fundadora da Se Liga Editorial e uma das escritoras da editora, Tati Machado, diz que o mercado editorial necessita de mais representatividade para os jovens. Até o momento, a Se Liga conta com 30 obras em seu catálogo que falam sobre a potência da diversidade, além de publicações online.

“O primeiro final de semana do evento foi um sucesso de vendas e acredito que a procura vai se manter até o final da Bienal”, destacou Tati, que está expondo pela primeira vez junto com a editora PS Edições, voltada para o público feminino.

Tati diz ter encontrado ótimas publicações deste segmento na Fanfic, com ótimos autores que não encontraram espaço no mercado tradicional para as suas publicações. Nesta mesma linha está a editora Euphoria, da fundadora Nathalia Brandão, que usa o codinome N Belikov.

Ela criou a Euphoria para lançar as histórias LGBTQIPA+ que lia na Fanfic e até o momento já lançou 23 títulos físicos vendidos no site, além de ebooks na Amazon. “A procura está muito alta, duas vezes maior do que a gente esperava. Temos livro que já vendeu mais de três mil exemplares, apenas na pré-venda”, destaca.